quinta-feira, 23 de agosto de 2007
PAPOILAS EM JULHO
Pequenas papoilas, pequenas chamas infernais,
sois inofensivas?
Estremeceis. Não posso tocar-vos.
Ponho as minhas mãos por entre as chamas. Mas nada queima.
E fico exausta quando vos vejo
estremecer assim, pregueadas e rubras como a pele da boca.
Uma boca há pouco ensanguentada.
Pequenas orlas de sangue!
Há nela um fumo que não consigo tocar.
Onde está o vosso ópio, as vossas cápsulas nauseabundas?
Se eu pudesse esvair-me em sangue ou dormir!...
Se a minha boca conseguisse desposar uma tal ferida!
Ou os vossos licores me penetrassem, nesta cápsula de vidro,
trazendo-me a acalmia e o silêncio.
Mas sem cor. Sem nenhuma cor.
Sylvia Plath
Crossing the Water
Assírio e Alvim, Portugal, 2000.
Trad. Maria Lourdes Guimarães
Foto: Papagueno
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6 comentários:
Linda Foto, papagueno!!
Não sei porquê as papoilas evocam-me sempre as extensões alentejanas...
A imensidão do mel da seara e os gritos súbitos das papoilas...
UM BOM RESTO DE DIA!
BJKA
Sempre tive uma admiração muito particular pelas papoilas. Talvez pela sua cor muito intensa e cheia de simbolismo. Em pequeno brincava muito com elas dado crescerem muito na zona onde vivia (alcobaç). Gostava de dobrar as enormas petalas para baixo ficando a carola da flor a descoberto. E pela disposição dos estames a carola parecia uma cabeça humana. com o encarnado virado para baixo e a carola descoberta, tinha assim a imagem de um sacristão de igreja. Era assim que em pequenino brincava com os meus amigos e amigas reinventado o mundo à nossa maneirao desta vez com flores.
Um abraço
António
Triste.
Beijos
Apesar disso vou-te roubar pra editar logo à meia noite:)
Beijos
Eu Papoila me rendo...
Juro não ser de ópio ...as minhas capsúlas não são nauseabundas...cheiram a planicies Alentejanas e a Serras Beirãs.
Beijos
Sylvia Plath. Gwyneth Paltrow. O filme.
Ted Hughes. Daniel Craig. O filme.
Um amor de tempestades. Com poucas bonanças. Até que uma delas levou Sylvia...
Um abraço!
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