segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

FELIZ 2008


Em Viena, Strauss, é um nome que faz parte da tradição do ano novo.
É pois com a famosa Marcha Radetzky que vos deixo os votos de um

FELIZ 2008!

domingo, 30 de dezembro de 2007

O PINGÜIM


Bom dia, pingüim
Onde vai assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca

Quando você caminha
Parece o Chacrinha
Lelé da caixola
E um velho senhor
Que foi meu professor
No meu tempo de escola
Pingüim, meu amigo
Não zangue comigo
Nem perca a estribeira
Não pergunte por quê
Mas todos põem você
Em cima da geladeira

Vinicius de Morais

sábado, 29 de dezembro de 2007

THE WIND


Catherine liked high places
High up, high up on the hills
A place for making noises
Like whales
Noises like the whales

Here she built a chapel
With her image
Her image on the wall
A place where she could rest and rest
And a place where she could wash
And listen to the wind blowing

And listen to the wind blow
And listen to the wind
And listen to the wind blow

She dreamt of children's voices
And torture on the wheel
Patron Saint of nothing
A woman of the hills
She once was a lady
Of pleasure and high born
A lady of the city
But now she sits and moans

And listens to the wind blow
Listen to the wind blow

I see her in a chapel
High up on the hill
She must be so lonely
Oh Mother can't we give
A husband to our catherine
A handsom one, a deal
A rich one for the lady
Someone to listen with

And listen to the wind blow
And listen to the wind blow
And listen to the wind blow
And listen to the wind blow

P.J. Harvey
Foto: Lilya Corneli

A FÚRIA DOS DEUSES







O homem tenta moldar a natureza à medida dos seus interesses. De vez em quando ela vinga-se...

Fotos: National Geographic

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

AINDA BEM QUE O NATAL ACABOU


Ainda bem que o natal acabou
logo que soaram as doze
descolei os lábios da mesa
vomitei as doçarias todas
para cima das notícias
que anunciavam a morte
algures onde o natal
é regado com sangue
e as rolhas das garrafas
são tiros cegos e certeiros
matam velhos e crianças
em Natal ou em Belém
para o ano haverá mais
se a dor aguentar até lá
nós aqui e eles no inferno
uma data é uma data
e é preciso comemorá-la
com sangue e com lágrimas
um dia os meus lábios
ficarão para sempre
agarrados à toalha de linho.

Carlos Alberto Machado

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

YOU KNOW HOW TO WHISTLE, DON'T YOU STEVE?


Bogart e Bacall numa cena inesquecível.
To Have And Have Not, Howard Hawks(1944)
Parabéns Bogie pelos 108 anos.

CHARLIE CHAPLIN

Sir Charles "Charlie" Spencer Chaplin
6 de Abril 1889 - 25 Dezembro 1977



Faz hoje 30 anos que faleceu o simpático vagabundo de olhos doces que tanto nos fez rir, chorar e sonhar...


Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
“quebrei a cara muitas vezes”!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é “muito” pra ser insignificante.

Charlie Chaplin

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

HAPPY BIRTHDAY


Como podem ver na imagem aqui ao lado ando com a camisola vestida à tanto tempo que até já criou musgo.
Por causa de tanta devoção eles hoje vieram até cá, alguns chegaram mesmo do outro mundo só para me cantar os parabéns.

domingo, 23 de dezembro de 2007

FELIZ NATAL A TODOS



Tal como no ano passado trouxe o meu amigo Jack para vos desejar um

FELIZ NATAL

FELIZ NATAL


A Quadratura do Circo

Crónica de um Natal impossível

Por Pedro Barroso

HOJE NÃO ME APETECE Natal.
Não acredito na bondade por decreto.
Não me deslumbro com as luzes e os sinos tocando aleluias de alegria.
Acho tudo isso uma treta de consumo. E, num país sem dinheiro, nem o consumo pode circular no excesso destemperado da saison.
Porque não havendo um, não pode existir o outro.
E o povo, sem poder de compra, assiste ao sonho compensatório e impraticável de quebrar fronteiras em Schengens distantes.
E compra castanhas assadas em discutido embrulhamento, nas tais controversas folhas da lista amarela, como tradição.
É pouca e controlada felicidade. Farinhenta vida, a do adorador de sonhos.
Fraca alegria para a capital da Europa, ao que parece, supostamente passando por aqui. Tratados de Lisboa. Êxitos imensos. Glória in excelsis.
Pois. É pena. Porque só não temos é dinheiro para cantar.
Este é, seguramente, dos Natais mais pobres de sempre dos últimos anos para o Povo português. Com salários a diminuírem, pensões insignificantes, ajuda nos medicamentos a baixar, prestações das casas a subir desenfreadamente todos os meses, desemprego alarmante.
E contudo estamos de parabéns. Brilhantes acordos Europeus. Bravo.

Podemos circular de Tallin a Lisboa, sem parar em nenhuma fronteira. Schengen alargou. Quase deixou de ser necessário o velho passaporte. Meu querido companheiro de viagem, meu cúmplice de fugas e secretos desvios de percurso, meu medidor de mim, numa juventude que foi – a medo, mas foi – viajante e transgressiva.
Hoje podemos celebrar Natais – para quem neles acredite – com Pais do dito cujo vindos directamente da Noruega sem passaporte. Renas incluídas, se estiverem vacinadas, supõe-se. ASAE oblige. Um escândalo.

Não me vejo aqui. Amigos, acreditem: - não sei onde pertenço.
O facto é que, contudo, também não me vejo em mais parte alguma. Com efeito, a praia tropical, sinceramente - que alguns amigos praticam como fuga compulsiva a uma época de convívio familiar por obrigação - também não me seduz por aí além.
Dezembro é bonito com neve e frio. Com lareira e aconchego. Sou europeu daqui, deste lado do tempo e do mar. Desta gente marinheira e montanheira. Deste cheiro a sardinha assada no Verão. Dos cavalos lusitanos. Do bacalhau com grão. Da paixão de Florbela e da angústia existencial de Vergilio. O Ferreira, claro, meu querido professor.
Queime-se, pois, a cavaca e o chambaril. Demos as mãos na noite de angústia e saboreemos a nossa pequenez contente. Misturemos leite e farinha e façamos os coscorões da ilusão. Cortemos no açúcar, que está caro. E troquemos de pequenas prendas com um sorriso quase conformado.
E disfarcemos a tristeza.
Eu não devia escrever isto. Porque é suposto estar alegre.
Mas andam-me a roubar, aos poucos, um outro País maior. Onde foi palavra, e gesto, e esperança e teve significado o verbo acreditar.
Como sobreviver, pois, ao Natal de Sócrates, após estes anos de deslize em perda do poder de compra, sob o mais hipócrita sorriso de alegrias marginais de foro europeu, que nos aportam nada?
Que me interessa que me ofereçam viagem sem fronteiras até à Estónia, se o povo tem de contar os tostões para ir visitar a velhota que está lá, no frio, afinal aqui tão perto? Numa lareira acesa, sozinha, algures, numa qualquer casa perdida, lá para a Guarda, Arganil, Bragança, Mértola, Mação, Melgaço?
E quantas vezes é um telefonema meigamente mentiroso que vai ter de disfarçar a mágoa secreta da impotência?
Ah! Meu velho passaporte de partir!... Vou passar a consoada dos outros, ricos e pobres, contigo no meu peito.
Leva-me longe daqui e que eu não volte.
Ou volte sempre, que o meu viajar é eterno em tuas mãos. E eu amo-te tanto como a vida que não tenho, o sonho inacabado do Império adiado e adormecido de coisas superiores que habita em mim.
E dá-me os longes todos que encontrares, que eu vou gostar.
E não preciso de aviões, nem renas, nem Schengens abertos para circular no sonho. Nem no Mundo.
Mas noutro. Feito de homens melhores, e duma total e absoluta felicidade.
Que este fede. E assim não há poema.
Quanto mais Natal.

Roubado ao Sorumbático

sábado, 22 de dezembro de 2007

HOMENAGEM A JOSÉ RÉGIO


José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, é um escritor português, natural de Vila do Conde, e o seu nascimento data de 1901. Em Vila do Conde, terra onde viveu até acabar o quinto ano do liceu, publicou os seus primeiros poemas nos jornais, O Democrático e República. Aos dezoito anos, José Régio, foi para Coimbra, onde se licenciou em Filologia Românica (1925), com a tese As Correntes e As Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa. Esta tese na época não teve muito sucesso, uma vez que valorizava poetas quase desconhecidos na altura, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro; mas, em 1941, foi publicada com o título Pequena História da Moderna Poesia Portuguesa.

Em 1927, com Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões, fundou a revista Presença, que veio a ser publicada, irregularmente, durante treze anos. Esta revista veio a marcar o segundo modernismo português, que teve como principal impulsionador e ideólogo, José Régio. Este, também escreveu em jornais como Seara Nova, Ler, O Comércio do Porto e o Diário de Notícias. Foi neste mesmo ano que José Régio começou a lecionar num liceu no Porto, até 1928, pois a partir desse ano, passou a lecionar em Portalegre, onde esteve mais do que trinta anos. Em 1966, Régio voltou para Vila do Conde, onde veio a morrer em 1969.

José Régio teve durante a sua vida uma participação activa na vida pública, mantendo-se fiel aos seus ideais socialistas, apesar do regime autoritário de então, e também, seguindo os gostos do irmão, Júlio Saul Dias, expressou o seu amor pelas artes plásticas, ilustrando um dos seus livros.

Como escritor, José Régio, dedicou-se ao ensaio, à poesia, ao texto dramático e à prosa. Reflectindo durante toda a sua obra problemas relactivos ao conflito entre Deus e o Homem, o indivíduo e a sociedade. Usando sempre um tom psicologista e misticista, analisando a problemática da solidão e das relações humanas, ao mesmo tempo que levava a cabo uma auto-análise.

José Régio é considerado um dos grandes vultos da moderna literatura portuguesa, e recebeu em 1966, o Prémio Diário de Notícias e, em 1970, o Prémio Nacional da Poesia. Hoje em dia, as suas casas em Vila do Conde e em Portalegre são casas-museu.

Tirado de Wikipedia

José Régio faleceu no dia 22 de Dezembro de 1969, exactamente dois dias antes de eu nascer.


Ventura Porfírio, Poeta de Deus e do Diabo, 1958
Óleo sobre tela, 138,5 x 108 cm
Câmara Municipal de Portalegre, Casa-Museu José Régio

Epitáfio para um poeta

As asas não lhe cabem no caixão!
A farpela de luto não condiz
Com seu ar grave, mas, enfim, feliz;
A gravata e o calçado também não.
Ponham-no fora e dispam-lhe a farpela!
Descalcem-lhe os sapatos de verniz!
Nao vêem que ele, nu, faz mais figura,
Como uma pedra, ou uma estrela?
Pois atirem-no assim à terra dura,
Ser-lhe-á conforto:
Deixem-no respirar ao menos morto!



Novo epitáfio para um poeta

Na terra nua, as asas desdobraram,
Espigaram,
Deram flor.
Se ali passar alguém
Que tenha o olfacto fino e o dom do humor,
Dirá que aquele morto é um amor:
Dá flor e cheira bem.

POEMA DO SILÊNCIO

El Cristo de San Juan de la Cruz (1951)
Salvador Dali


Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.

José Régio

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

SABES QUEM SÃO?


Agora deixo este novo desafio, identificar pelo menos vinte das personalidades que aparecem nesta imagem.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

DESAFIO CINEMATOGRÁFICO

O Miguel lançou-me um desafio mesmo à minha medida.

A tarefa não é nada fácil, consiste em escolher o meu Top 5 da indústria cinematográfica.
Depois de muito pensar cheguei à conclusão de quanto ingrato é este desafio pois tive que deixar de fora tantos filmes que adoro e outros tantos cineastas de que gosto.
Escolhi apenas filmes de produção americana e o mais recente é de 1969. Não quer dizer que não goste do cinema europeu, gosto e muito, mas tenho uma grande paixão pelo cinema clássico americano.

Cliquem no título do filme para ver os trailers.

AURORA

F.W. Murnau, 1927
George O'brien, Janet Gaynor e Margaret Livingston.

É a história de um agricultor, que vive feliz com a sua esposa até aparecer uma perigosa mulher fatal que o seduz. Influenciado pela amante, tenta matar a mulher, mas, no último momento desiste. esta foge para a cidade sempre perseguida pelo homem que tenta reconquistar o seu amor.
Considerado por muitos como "o mais belo filme de sempre", este filme marcou a estreia americana de Murnau e é uma das pérolas do cinema mudo.
Em 1929, Janet Gaynor seria a primeira actriz a vencer um Oscar, graças ao papel de esposa em Aurora.

FREAKS

Tod Browning, 1932
Wallace Ford, Leila Hyams e Olga Baclanova

Não é um filme muito conhecido, mas garanto que marca qualquer pessoa.
Neste filme os heróis são os estranhos artistas de um circo composto por bizarras figuras como um homem sem braços nem pernas, anões, ou os microencefálicos "cabeças de alfinete", como são apelidados no filme.
Em "Freaks", a questão que se põe é:
Quem são os "monstros" e quem são os normais?

O QUARTO MANDAMENTO

Orson Welles, 1942
Joseph Cotten, Anne Baxter, Dolores Costelo e Tim Holt.

Para a maior parte das pessoas Citizen Kane é a grande obra prima de Welles. Aceito perfeitamente esta opinião mas gosto mais de "O Quarto Mandamento".
Este filme é um "soberbo retrato da América do século XIX em que as paixões eram reprimidas e a civilidade a mera máscara de desejos ferventes e obscenos".

A RAÍNHA AFRICANA

John Huston
Humphrey Bogart e Katharine Hepburn

Nas belas paisagens do Congo Belga, um aventureiro canadiano com queda para a pinga e uma inglesa, solteirona e idealista, vêem-se de repente, como relutantes aliados devido às trágicas circunstâncias da guerra. Juntos vão enfrentar as forças da natureza e do homem com o objectivo de afundar um navio alemão localizado num ponto estratégico do velho continente africano.

A QUADRILHA SELVAGEM

Sam Peckinpah, 1969
William Holden, Ernest Borgnine e Robert Ryan

O filme contém uma sequência de uma violência extrema que não era nada habitual para a época, e que está, com toda a certeza, no meu Top5 de cenas de acção.
Um grupo de assaltantes já "entradote" decide dar o seu último grande golpe.
O assalto corre mal e eles vêem-se obrigados a fugir para o México. Para compensar o seu fracasso concordam em fazer mais um trabalho: Roubar um carregamento de armas para o General Mapache...

"A Quadrilha Selvagem" é um dos grandes westerns do cinema americano. A história de um grupo de homens que compreendeu que o seu tempo estava a chegar ao fim, o mundo lá fora mudava, eles não.
O fim do "velho oeste" seria um tema que retomaria no filme seguinte "A Balada de Cable Hogue".

Nunca poderei dizer que estes são os meus cinco preferidos de sempre, pois estou com toda a certeza a esquecer-me de alguns. No entanto são certamente alguns dos filmes da minha vida.

Desta vez vou nomear algumas vítimas entre o pessoal que sei que gosta de cinema:

Avelaneira Florida - Há-de haver qualquer coisinha naquele baú sem fundo.
Citizen Mary - Se estiver com disposição para estas coisas.
Pinguim - Quais serão as escolhas dele?
Fátima - Aqui posso adivinhar algumas escolhas.
Vareira - Afinal foi através do Cinema Paraíso que conheci o blogue dela.

SONETO DE VINÍCIUS DEDICADO A NERUDA



Quantos caminhos não fizemos juntos
Neruda, meu irmão, meu companheiro...
Mas este encontro súbito, entre muitos
Não foi ele o mais belo e verdadeiro?

Canto maior, canto menor - dois cantos
Fazem-se agora ouvir sob o cruzeiro
E em seu recesso as cóleras e os prantos
Do homem chileno e do homem brasileiro

E o seu amor - o amor que hoje encontramos...
Por isso, ao se tocarem nossos ramos
Celebro-te ainda além, cantor geral

Porque como eu, bicho pesado, voas
Mas mais alto e melhor do céu entoas
Teu furioso canto material!

Vinícius de Moraes

RUDOLPH THE RED-NOSED REINDEER



Tenho andado para aqui às voltas com este vídeo, já nem me lembro onde o vi.
Foi um recente post da minha amiga Citizen Mary que me convenceu a partilhá-lo por aqui.

Esta é a história do Rudolph, uma simpática rena que tinha um nariz vermelho muito brilhante. As outras deixavam sempre o pobre Rudolph de parte só por ser diferente.
Um dia apareceu o Pai Natal e escolheu o nosso amigo como guia do seu trenó.
Finalmente, Rudolph, virou herói entre as renas.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

CHAGALL, AMOR E POESIA


Timidez

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos nocturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
ate' não se sabe quando...

- e um dia me acabarei.

entre o planeta e o Sem-Fim,
a asa de uma borboleta.

Cecília Meireles


Litania

O teu rosto inclinado pelo vento;
a feroz brancura dos teus dentes;
as mãos, de certo modo irresponsáveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;

O triunfo cruel das tuas pernas,
colunas em repouso se anoitece:
o peito raso, claro, feito de água;
a boca sossegada onde apetece

navegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor dum fruto, o peso duma flor;
as palavras mordendo a solidão,
atravessadas de alegria e de terror;

são a grande razão, a única razão

Eugénio de Andrade




Teu corpo principia

Dou-te um nome de água
para que cresças no silêncio.

Invento a alegria
da terra que habito
porque nela moro.

Invento do meu nada
esta pergunta.
(Nesta hora, aqui.)

Descubro esse contrário
que em si mesmo se abre:
ou alegria ou morte.

Silêncio e sol - verdade,
respiração apenas.

Amor, eu sei que vives
num breve país.

Os olhos imagino
e o beijo na cintura,
ó tão delgada.

Se é milagre existires,
teus pés nas minhas palmas.

O maravilha, existo
no mundo dos teus olhos.

O vida perfumada
cantando devagar.

Enleio-me na clara
dança do teu andar.

Por uma água tão pura
vale a pena viver.

Um teu joelho diz-me
a indizível paz.

António Ramos Rosa


Aqueles olhos aproximam-se e passam.
Perplexos, cheios de funda luz,
doces e acerados, dominam-me.
Quem os diria tão ousados?
Tão humildes e tão imperiosos,
tão obstinados!

Como estão próximos os nossos ombros!
Defrontam-se e furtam-se,
negam toda a sua coragem.
De vez em quando,
esta minha mão,
que é uma espada e não defende nada,
move-se na órbita daqueles olhos,
fere-lhes a rota curta,
Poderosa e plácida.

Amor, tão chão de Amor,
Que sensível és...
Sensível e violento, apaixonado.
Tão carregado de desejos!
Acalmas e redobras
e de ti renasces a toda a hora.
Cordeiro que se encabrita e enfurece
e logo recai na branda impotência.

Canseira eterna!
Ou desespero, ou medo.
Fuga doida à posse, à dádiva.
Tanto bater de asas frementes,
tanto grito e pena perdida...

E as tréguas, amor cobarde?
Cada vez mais longe,
mais longe e apetecidas.
Ó amor, amor,
que faremos nós de ti
e tu de nós?

Irene Lisboa



Senão todos algum
algum de nós reproduziu diversos os mesmos lugares.
E aquela que entra no verso para o
percorrer
atrás da tua sombra serei eu.

Fiama Hasse Pais Brandão

Pinturas: Marc Chagall

DO LIKE THEY DO BUT...


Nunca me canso de repetir.

domingo, 16 de dezembro de 2007

AI ESTÁ O NATAL!

Imagem desavergonhadamente roubada ao Miguel.

sábado, 15 de dezembro de 2007

LEMBRA-ME UM SONHO LINDO

René Magritte - A Condição Humana



Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado

Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira num peito um grito,
à desfilada

Canta rouxinol canta
não me dês penas,
cresce girassol cresce
entre açucenas

Afoga-me o corpo todo
se te pertenço,
rasga-me o vento ardendo
em fumos de incenso

Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado

Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira num peito um grito,
à desfilada

Ai como eu te quero,
ai de madrugada,
ai alma da terra,
ai linda, assim deitada

Ai como eu te amo,
ai tão sossegada,
ai beijo-te o corpo,
ai seara, tão desejada

Fausto
"Por Este Rio Acima", 1984

AO QUE CHEGÁMOS!


Cliquem na imagem para aumentar

Um estado que controla o que vemos, o que ouvimos e o que fazemos.
Agora também querem controlar o que comemos, o que bebemos e o que cozinhamos. É a sociedade profetizada por Orwell a funcionar em pleno.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

COMPREENDI-TE!



Por falar em filmes antigos, acho este diálogo de Vasco Santana com o candeeiro a melhor cena de sempre do cinema português.

CENTENÁRIO DE BEATRIZ COSTA

Beatriz Costa (Mafra, 14 de Dezembro de 1907 — Lisboa, 15 de Abril de 1996)


Além de saloia, foi uma das maiores actrizes da cultura popular portuguesa. Por isso não podia deixar de assinalar o centenário da grande Beatriz Costa.



Beatriz Costa e Vasco Santana
A Canção de Lisboa
Cottinelli Telmo,1933.


A Aldeia da Roupa Branca
Chianca de Garcia, 1938

«Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.»

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

ALABAMA SONG


O Lampadinha recordou-me este velho clássico de Kurt Weill que ficou famoso na versão dos Doors. Também gosto de o ouvir na voz da Ute Lemper ou na versão do Bowie.

AS PUTAS DA AVENIDA


As putas da Avenida


Eu vi gelar as putas da Avenida
ao griso de Janeiro e tive pena
do que elas chamam em jargão a vida
com um requebro triste de açucena

vi-as às duas e às três falando
como se fala antes de entrar em cena
o gesto já compondo à voz de mando
do director fatal que lhes ordena

essa pose de flor recém-cortada
que para as mais batidas não é nada
senão fingirem lírios da Lorena

mas a todas o griso ia aturdindo
e eu que do trabalho tinha vindo
calçando as luvas senti tanta pena


Fernando Assis Pacheco

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

LAGARTO PINTADO


Lagarto pintado
Quem te pintou?
Foi uma velha que aqui passou
No tempo da eira
Fazia poeira
Puxa lagarto
Por aquela orelha!


Lagarto pintado, quem te pintou?
Foi uma menina que por aqui passou
Lagarto verde, que te esverdeou?
Foi uma galinha que aqui passou
Lagarto azul, que te azulou?
Foi a onda do mar que me molhou
Lagarto amarelo, que te amarelou?
Foi o sol poente que em mim pisou
Lagarto encarnado, que te encarniçou?
Foi uma papoila que para mim olhou