domingo, 30 de setembro de 2007

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA!



Foram descobertos os dois últimos gays do Irão.

sábado, 29 de setembro de 2007

SOLITUDE


My name it means nothing
my fortune is less
My future is shrouded in dark wilderness
Sunshine is far away, clouds linger on
Everything I posessed - Now they are gone

Oh where can I go to and what can I do?
Nothing can please me only thoughts are of you
You just laughed when I begged you to stay
I've not stopped crying since you went away

The world is a lonely place - you're on your own
Guess I will go home - sit down and moan.
Crying and thinking is all that I do
Memories I have remind me of you

Black Sabath
"Master of Reality", 1971

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

HÁ METAFÍSICA EM NÃO PENSAR EM NADA

Ascension.
Salvador Dali. 1958.


Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei.
Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol

E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos

De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa. Metafísica?

Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...

Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

Alberto Caeiro

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

THE SOPHISTICATED SONG

Ser alérgico a uma estação de televisão tem destas coisas. Devo ser a única pessoa em Portugal que ainda não viu nem um secundinho sequer de um episódio do "Dr. House". Todos elogiam a série, mas sinceramente... Só consigo suportar o sacríficio de ver a TVI pelo meu Sporting, mais nada.
Dizem que a série é excelente, eu acredito e sei que tem um grande actor chamado Hugh Laurie. Esse mesmo revelado pela excelente série "A Ilustre Casa de Black Adder" que contava com outros grandes actores britânicos como Rowan Atkinson e Stephen Fry.

Senhoras e senhores Mr Stephen Fry e Hugh Laurie:

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

CORRER CONTRA O CANCRO

Pegando na dica da Citizen Mary vamos pôr todo o mundo a correr contra o cancro da mama. É no dia 11 de Novembro no Parque das Nações.

Mais informações aqui: Corrida Sempre Mulher

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

NERUDA

Foto: Graça Loureiro, Olhares.com


O Teu Riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.



Agua Sexual

Rodando a goterones solos,
a gotas como dientes,
a espesos goterones de mermelada y sangre,
rodando a goterones
cae el agua,
como una espada en gotas,
como un desgarrador río de vidrio,
cae mordiendo,
golpeando el eje de la simetría, pegando en las costuras del alma,
rompiendo cosas abandonadas, empapando lo oscuro.

Solamente es un soplo, más húmedo que el llanto,
un líquido, un sudor, un aceite sin nombre,
un movimiento agudo,
haciéndose, espesándose,
cae el agua,
a goterones lentos,
hacia su mar, hacia su seco océano,
hacia su ola sin agua.

Veo el verano extenso, y un estertor saliendo de un granero,
bodegas, cigarras,
poblaciones, estímulos,
habitaciones, niñas
durmiendo con las manos en el corazón,
soñando con bandidos, con incendios,
veo barcos,
veo árboles de médula
erizados como gatos rabiosos,
veo sangre, puñales y medias de mujer,
y pelos de hombre,
veo camas, veo corredores donde grita una virgen,
veo frazadas y órganos y hoteles.

Veo los sueños sigilosos,
admito los postreros días,
y también los orígenes, y también los recuerdos,
como un párpado atrozmente levantado a la fuerza
estoy mirando.

Y entonces hay este sonido:
un ruido rojo de huesos,
un pegarse de carne,
y piernas amarillas como espigas juntándose.
Yo escucho entre el disparo de los besos,
escucho, sacudido entre respiraciones y sollozos.

Estoy mirando, oyendo,
con la mitad del alma en el mar y la mitad del alma en la tierra,
y con las dos mitades del alma miro el mundo.

Y aunque cierre los ojos y me cubra el corazón enteramente,
veo caer agua sorda,
a goterones sordos.
Es como un huracán de gelatina,
como una catarata de espermas y medusas.
Veo correr un arco iris turbio.
Veo pasar sus aguas a través de los huesos.


Com um dia de atraso, aqui fica a minha homenagem a Pablo Neruda, pelos 34 anos da sua morte.

EL DESIERTO

La Mano del Desierto, escultura no deserto de Atacama de Mario Irarrázabal Covarrubias

El Desierto
.
He venido al desierto pa irme de tu amor
Que el desierto es más tierno y la espina besa mejor
He venido a este centro de la nada pa gritar
Que tú nunca mereciste lo que tanto quise dar
Que tú nunca mereciste lo que tanto quise dar
He venido al desierto pa irme de tu amor
Que el desierto es más tierno y la espina besa mejor
He venido a este centro de la nada pa gritar
Que tú nunca mereciste

He venido yo corriendo olvidándome de ti
Dame un beso pajarillo no te asustes colibrí
He venido encendida al desierto pa quemar
Porque el alma prende fuego cuando deja de amar
Porque el alma prende fuego cuando deja de amar

He venido yo corriendo olvidándome de ti
Dame un beso pajarillo y no te asustes colibrí
He venido encendida al desierto pa quemar
Porque el alma prende fuego

He venido yo corriendo olvidándome de ti
Dame un beso pajarillo y no te asustes colibrí
He venido encendida al desierto pa quemar
Porque el alma prende fuego cuando deja de amar
El Desierto Lyrics on http://www.lyricsmania.com
Porque el alma prende fuego cuando deja de amar

He venido al desierto pa irme de tu amor
Que el desierto es más tierno y la espina besa mejor
He venido a este centro de la nada pa gritar
Que tú nunca mereciste lo que tanto quise dar
He venido yo corriendo olvidándome de ti
Dame un beso pajarillo y no te asustes colibrí
He venido encendida al desierto pa quemar
Porque el alma prende fuego

Lhasa de Sela
"La Llorona", 1997

domingo, 23 de setembro de 2007

AU REVOIR MARCEL

Marcel Marceu (1923-2007)

sábado, 22 de setembro de 2007

GRACIAS A LA VIDA


Confesso que até há bem pouco tempo não conhecia esta canção. De repente comecei a ouvi-la em todo o lado e despertou-me a curiosidade. A gota de água foi quando a ouvi no cinema, decidi então que tinha que investigar. Foi assim que descobri a cantora Violeta Parra (1917-1967).
"Gracias a la Vida" é talvez a música mais famosa de Violeta, tem várias versões sendo as mais famosas a da grande Elis Regina e a de Mercedes Sousa.


Gracias a la Vida

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio dos luceros que, cuando los abro,
perfecto distingo lo negro del blanco,
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el oído que, en todo su ancho,
graba noche y día grillos y canarios;
martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el sonido y el abecedario,
con él las palabras que pienso y declaro:
madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
la ruta del alma del que estoy amando.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos, montañas y llanos,
y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano;
cuando miro el bueno tan lejos del malo,
cuando miro el fondo de tus ojos claros.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.
Así yo distingo dicha de quebranto,
los dos materiales que forman mi canto,
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos, que es mi propio canto.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.

Violeta Parra
Imagem: Tiago Barata Olhares

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A PÉROLA


«Kino, com o seu orgulho, a sua juventude e a sua força, conseguia permanecer debaixo de água durante mais de dois minutos, sem esforço, de modo que trabalhava deliberadamente, escolhendo as conchas maiores. Porque estavam a saer perturbadas, as ostras fechavam hermeticamente as suas conchas. Um pouco à sua direita erguia-se um aglomerado pedregoso, coberto de ostras demasiado pequenas para serem apanhadas. Kino aproximou-se desse aglomerado e, de repente, ao lado dele, por baixo de uma pequena saliência, viu uma ostra muito grande, isolada, sem irmãs agarradas a ela. A concha estava parcialmente aberta, porque a saliência protegia aquela ostra antiga, e, no manto semelhante a um lábio, Kino vislumbrou um brilho, antes que a concha se fechasse. O seu coração começou a bater com violência e a canção da pérola ambicionada soou, estridente aos seus ouvidos. Lentamente libertou a ostra e agarrou-a contra o peito. Soltou o pé da argola da pedra e o seu corpo elevou-se até à superficie e o seu cabelo negro brilhou à luz do sol. Agarrou-se ao rebordo da canoa e pousou a pérola no fundo.
(...)
Juana sentiu a excitação dele e fingiu afastar o olhar. Não é bom desejar muito uma coisa. Pode arredar a sorte. Basta desejá-la um pouco, porque é preciso tacto com Deus ou com os deuses.
(...)
Kino introduziu hábilmente a faca entre as valvas da concha. sentia a resistência do manto contra a faca. Usou a lâmina como uma alavanca e o músculo cedeu e a concha abriu-se. A carne semelhante a um lábio contorceu-se e depois descaiu. Kino ergueu a carne e lá estava ela, a grande pérola, perfeita como a lua. Captou a luz, sublimou-a e reflectiu-a em incândescências prateadas. Era tão grande como um ovo de gaivota. Era a maior pérola do mundo»

"A Pérola", John Steinbeck, 1947


Quantas vezes os nossos mais belos sonhos não se transformam em pesadelos?

Quantas vezes os nossos maiores tesouros não se transformam em maldições?

Kino é um jovem pescador de pérolas que vive com a esposa, Juana e o seu filho bebé, Coyotito. Um dia Coyotito é picado por um escorpião. Kino corre até ao médico local que se recusa a tratar o bebé porque o pai é pobre e não pode pagar.
O jovem pescador não tem outra hipótese senão fazer-se ao mar para tentar encontrar uma pérola suficientemente grande para pagar os tratamentos da criança. Durante o mergulho a sorte parece sorrir a Kino que encontra uma pérola enorme, de um tamanho nunca visto até então. Só que o que parecia ser um grande tesouro, não tarda a revelar-se como uma terrível maldição...

LIBERDADE DE EXPRESSÃO NA TERRA DO TIO SAM


Sic Notícias

domingo, 16 de setembro de 2007

HABANERA



L'amour est un oiseau rebelle
Que nul ne peut apprivoiser,
Et c'est bien en vain qu'on l'appelle,
S'il lui convient de refuser.
Rien n'y fait, menace ou prière,
L'un parle bien, l'autre se tait;
Et c'est l'autre que je préfère
Il n'a rien dit; mais il me plaît.
L'amour! L'amour! L'amour! L'amour!

L'amour est enfant de Bohême,
Il n'a jamais, jamais connu de loi,
Si tu ne m'aime pas, je t'aime,
Si je t'aime, prend garde à toi!
Si tu ne m'aime pas,
Si tu ne m'aime pas, je t'aime!
Mais, si je t'aime,
Si je t'aime, prend garde à toi!
Si tu ne m'aime pas,
Si tu ne m'aime pas, je t'aime!
Mais, si je t'aime,
Si je t'aime, prend garde à toi!

L'oiseau que tu croyais surprendre
Battit de l'aile et s'envola;
L'amour est loin, tu peux l'attendre;
Tu ne l'attend plus, il est là!
Tout autour de toi vite, vite,
Il vient, s'en va, puis il revient!
Tu crois le tenir, il t'évite;
Tu crois l'éviter, il te tient!
L'amour, l'amour, l'amour, l'amour!

CARMEN
GEORGES BIZET

MARIA CALLAS


Filha de imigrantes gregos, Άννα Μαρία Καικιλία Σοφία Καλογεροπούλου (Ánna María Cecilía Sofía Kalogerópulu) nasceu em Nova Iorque. Devido às dificuldades econômicas de seus pais, teve que regressar à Grécia com a mãe em 1937. Estudou canto no Conservatório de Atenas, com a soprano coloratura Elvira de Hidalgo.


Existem diferentes versões sobre sua estréia. Alguns situam-na em 1937, como Santuzza em uma montagem estudantil da Cavalleria Rusticana, de Mascagni; outros, à Tosca (Puccini) de 1941, na Ópera de Atenas. De todo modo, seu primeiro papel na Itália teve lugar em 1947, na Arena de Verona, com a ópera La Gioconda, de Ponchielli, sob a direção de Tullio Serafin, que logo se tornaria seu “mentor”.

Callas começou a despontar no cenário lírico em 1948, com uma interpretação bastante notável para a protagonista da ópera Norma, de Bellini, em Florença. Todavia, sua carreira só viria a projetar-se em escala mundial no ano seguinte, quando a cantora surpreendeu crítica e público ao alternar, na mesma semana, récitas de I Puritani, de Bellini, e Die Walküre, de Wagner. Ela preparara o papel de Elvira para a primeira ópera em apenas dois dias, a convite de Serafin.


A partir dos anos 50, Callas começou a apresentar-se regularmente nas mais importantes casas de espetáculo dedicadas à ópera, tais como La Scala, Convent Garden e Metropolitan. Sua voz começou a apresentar sinais de declínio no final dessa década, e a cantora diminuiu consideravelmente suas participações em montagens de óperas completas, limitando sua carreira a recitais e noites de gala e terminando por abandonar os palcos em 1965.


No início dos anos 70, passou a dedicar-se ao ensino de música na Juilliard School. Em 1974, entretanto, retornou aos palcos para realizar uma série de concertos pela Europa, Estados Unidos e Extremo Oriente ao lado do tenor Giuseppe Di Stefano. Sucesso de público, o programa foi todavia massacrado pela crítica especializada.

Recolhida em seu apartamento na cidade de Paris, Callas faleceu em 1977 - pouco antes de completar 54 anos - em decorrência de um ataque cardíaco. Suas cinzas foram espalhadas no Mar Egeu.

Biografia: Wikipedia

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

NATÁLIA


Nuvens correndo num rio

Nuvens correndo num rio
Quem sabe onde vão parar?
Fantasma do meu navio
Não corras, vai devagar!

Vais por caminhos de bruma
Que são caminhos de olvido.
Não queiras, ó meu navio,
Ser um navio perdido.

Sonhos içados ao vento
Querem estrelas varejar!
Velas do meu pensamento
Aonde me quereis levar?

Não corras, ó meu navio
Navega mais devagar,
Que nuvens correndo em rio,
Quem sabe onde vão parar?

Que este destino em que venho
É uma troça tão triste;
Um navio que não tenho
Num rio que não existe.



Fiz um conto para me embalar

Fiz com as fadas uma aliança.
A deste conto nunca contar.
Mas como ainda sou criança
Quero a mim própria embalar.

Estavam na praia três donzelas
Como três laranjas num pomar.
Nenhuma sabia para qual delas
Cantava o príncipe do mar.

Rosas fatais, as três donzelas
A mão de espuma as desfolhou.
Nenhum soube para qual delas
O príncipe do mar cantou.

Natália Correia

A BOLOTA



A bolota taluda ficara ali muito quieta, muito bem refastelada em virtude do próprio peso, enterrada que nem pelouro de batalha depois de passarem carros e carretas. Que fazer senão deitar-se a dormir?! Dormiu uma hora ou uma vida inteira, quem sabe?! Um laparoto veio lá de cascos de rolha, rapou a terra, fez um toural, aliviou-se, e ela ficou por baixo, sufocada sem poder respirar, em plena escuridão. Estava no fim do fim? Um belisco, e do seu flanco saiu como uma flecha. Era de luz ou de vida? Era uma fonte ou antes um cântico de ave, de água corrente, de vagem a estalar com o sol (... )? Era tudo isto, encarnado no fogo incomburente que lhe lavrava no flanco, verbo que acabou por irradiar do próprio mistério do seu ser.

Do pinhão, que um pé-de-vento arrancou da pinha-mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes, gerou-se a floresta.


Aquilino Ribeiro
"A Casa Grande de Romarigães" 1957


Aquilino Ribeiro
13 de Setembro de 1885
7 de Maio de 1963

"É um inimigo do Regime. Dir-lhe-á mal de mim; mas não importa: é um grande escritor."

António de Oliveira Salazar

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

UNA MUSICA BRUTAL


Descubrimos vos y yo
en el triste carnaval
una musica brutal
melodias de dolor

Despertamos vos y yo
y en el lento divagar
una musica brutal
encendio nuestra pasion

Dame tu calor,
bebete mi amor

Gotan Project

CORRENTE DA AMIZADE

Estou uns dias fora e nascem logo novas correntes bloguisticas. Desta vez fui apanhado numa corrente bem simpática, a Corrente da Amizade, que me foi passada pela minha amiga Avelaneira Florida. Obrigado Avelaneira pela tua amizade, nem é preciso dizer que também podes sempre contar com a minha.
Agora deveria passar a corrente a dez pessoas. Se o fizesse iria deixar muitos amigos de fora. Por isso a minha Corrente da Amizade, vai para todos os bloguistas que eu visito e também para aqueles que entram aqui no meu Bairro do Amor, claro que tu Avelaneira também estás incluída. Um abraço para todos e obrigado por me aturarem.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

11 DE SETEMBRO



11 de Setembro, uma das datas mais negras da humanidade.

HOMENAGEM AO POVO DO CHILE



Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro

Nas suas almas abertas
traziam o sol da esperança
e nas duas mãos desertas
uma pátria ainda criança

Gritavam Neruda Allende
davam vivas ao Partido
que é a chama que se acende
no Povo jamais vencido
– o Povo nunca se rende
mesmo quando morre unido

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.

Alguns traziam no rosto
um ricto de fogo e dor
fogo vivo fogo posto
pelas mãos do opressor.
Outros traziam os olhos
rasos de silêncio e água
maré-viva de quem passa
Uma vida à beira-mágoa.

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.

Mas não termina em si próprio
quem morre de pé. Vencido
é aquele que tentar
separar o povo unido.
Por isso os que ontem caíram
levantam de novo a voz.
Mortos são os que traíram
e vivos ficamos nós.

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que nasceram para o Chile
morrendo de corpo inteiro.

José Carlos Ary dos Santos

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

UMA FURTIVA LÁGRIMA...



...Por uma grande voz que nos deixou.
Não se esqueçam de desligar o Manu Chao

MÚSICA NO AVANTE


Memória de Adriano

Nas tuas mãos tomaste uma guitarra
Copo de vinho de alegria são
Sangria de suor e cigarra
Que à noite canta a festa da manhã

Foste sempre o cantar que não se agarra
O que à Terra chamamos amante e irmã
Mas também o português que investe e marra
Voz de alaúde e rosto de maçã

O teu coração de ouro veio do Douro
Num barco de vindimas de cantigas
tão generoso como a liberdade.

Resta de ti a ilha de um Tesouro
A jóia com as pedras mais antigas.
Não é saudade, não! É amizade.

José Carlos Ary dos Santos



Festa sem música não é Festa. Este ano houve um elemento comum em muitos dos concertos; a homenagem a dois dos maiores vultos da música portuguesa: Adriano Correia de Oliveira e Zeca Afonso.

Infelizmente este ano perdi o concerto da Sinfonnieta de Lisboa. O programa era de luxo: "Abertura-fantasia Romeu e Julieta" de Tchaikowsky; Cantata para o 20.º Aniversário da Revolução de Outubro" de Prokofiev. Tive oprotunidade de assistir ao ensaio da Cantata e deve ter sido muito bom. O problema é que eu gosto de ver este tipo de espectáculos numa sala fechada e longe do habitual rebuliço da Festa. Enquanto eles tocavam andávamos nós pela Festa à procura de um sítio, sem grandes filas, para comer e beber uns copitos.

O meu primeiro concerto foi já no sábado com a Brigada Victor Jara, acompanhada por Manuel Freire e pelo Grupo de Antigos Orfeonistas de Coimbra. O objectivo desta reunião era precisamente evocar a memória de Adriano Correia de Oliveira. A rouquidão de Manuel Freire foi compensada pela belíssima voz de Catarina Moura. Excelente, o final com a "Trova do Vento que Passa".

Já pela noite, um lindo momento com a fadista Cristina Branco, que cantou Zeca Afonso, acompanhada por uma super-banda constituida pelo Alexandre Frazão(bateria), Mário Delgado(guitarras), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Ricardo Dias (piano, acordeão). Como comentava na altura com uma amiga, prefiro a voz dela quando sai um pouco do tom fadista.


Os dois momentos que eu mais aguardava chegaram a seguir: A Fanfare Ciocarlia veio da Roménia para um grande espectáculo. Ouvindo aquela música contagiante fui de imediato transportado para o universo dos filmes de Kusturika.

Dos Balcãs para Chicago foi um pulinho, Otis Grand regressava ao Avante com os Chicago Blue Harp All Stars. Como grande amante de blues, este era o concerto que eu mais ansiava. De novo lá viajava eu para o imaginário dos grandes "bluesmen" americanos, recordando nomes como Muddy Waters, T-bone Walker ou mesmo o grande B.B. King. Depois foi dormir que no dia seguinte havia mais e as pernas já doiam.

Não há pernas doridas que resistam à música dos Peste & Sida. Que bom recordar aquela que já foi uma das minhas bandas preferidas (nunca lhes perdoei a aventura dos Despe & Siga). Desta vez além San Payo e Almendra também lá estava um regressado que veio dar um pézinho com o grupo que o tornou conhecido e o fez chegar à banda do Sérgio godinho. Estou a falar, claro do Nuno Rafael. Este concerto foi muito melhor que o de há dois anos. A banda parece mais rodada e além disso tocaram quase todos os grandes hinos: "Sol da Caparica", "Chuta Cavalo", "Família em Stress" e o sempre vibrante "Carraspana", de fora ficou o meu preferido: "Gingão. No fim mandaram-nos "Ao Trabalho" e foram-se embora. Excelente, poder voltar a vibrar com as mesmas canções com que vibrei na adolescência.

No Palco 1º de Maio, um dos meus locais favoritos da Festa, só vi um concerto, foi o dos Trivenção. Não os conhecia mas o programa prometia mais um tributo à música do Zeca e do Adriano e como hip-hop do palco principal não me agradava muito, lá fui eu. Não me arrependi pois pude ensaiar os meus primeiros passos de dança ao som do "Venham Mais Cinco". Foi um bom momento para aquecer os motores para os Sons da Fala:

Três continentes, separados por um "imenso mar", unem-se pela força da música e da língua em comum.
Sérgio Godinho, Vitorino e Janita Salomé (Portugal), Tito Paris (Cabo Verde), Juka (S. Tomé e Principe) André Cabaço (Moçambique), Guto Pires (Guiné-Bissau), Don Kikas (Angola) e Luanda Cozetti (Brasil) foram os embaixadores da língua portuguesa no Avante. O espectáculo abriu com uma versão bem africana do "Venham Mais Cinco" do Zeca Afonso. Logo as sandálias voaram e foi dançar sem parar até ao fim.

Dançar descalço, na relva e no pó... Eu sei que já tenho idade para ter juízo mas que fazer? A música é a única coisa que consegue quebrar a minha timidez natural.

A minha festa acabou com os Levellers e o seu enérgico rock de influência celta que viriam a aquecer as hostes para os Blasted Mechanism. Como não sou fã e o cansaço já apertava, decidi rumar até casa onde, finalmente, me esperava um bom banho com água quente e uma noite bem dormida.

Fotos: Papagueno

MAIS UMA FESTA

"Não importa a cor política, quando se passa por aquela porta somos todos camaradas."
Manuel Rocha, Brigada Victor Jara

É sempre com muito cansaço e alguma nostalgia que saio da Festa do Avante. Cansaço por três dias de festa sempre muito intensos, nostalgia porque o fim da festa marca também o fim do verão e a partir daqui é pensar em trabalho e nas loucuras para o próximo ano.

Este ano foi interessante a idéia de marcar um encontro de bloguistas na Festa. Foi bom conhecer algumas caras que estão por trás das palavras que lemos, o problema é que no ambiente do Avante, no meio de tanta gente estas iniciativas não são fáceis e aos poucos o grupo foi-se dispersando na multidão. Uma palavra para a Maçã de Junho, a autora da iniciativa.


Como sempre, um dos meus pousos preferidos é a Área Internacional. Gosto de vaguear por lá e experimentar as bebidas tradicionais dos vários países. Desde o Vino Pisco do Chile ao Limoncello italiano passando pelo Grogue de Cabo Verde. Quanto à comida sempre dá para matar saudades da cozinha africana. No meu caso, por motivos afectivos, é a comida angolana que mais me atrai e este ano a moamba nem estava nada mal. Quando se cozinha para muita gente nunca há tempo para grandes caprichos.

O outro lado bom da festa é o convívio. Tivémos a oportunidade de conversar com gente de várias regiões de Espanha, do Chile e até com um timorense que mal conseguíamos compreender.

Os portugueses trouxeram o chá do oriente e foi mesmo uma raínha portuguesa, que na corte de CarlosII introduziu o chá em Inglaterra. Para nós um chá não passa de um saquinho de ervas que se mete num bule com água a ferver. Para o povo do Sahara o chá faz parte da cultura e prepará-lo implica uma série de demorados rituais. Foi numa improvisada tenda que pela primeira vez vi como se prepara um chá de menta. Acreditem que não tem nada a ver com o meter um saquinho em água a ferver.

Fotos: Papagueno

terça-feira, 4 de setembro de 2007

AVANTE

Meus amigos, este blogue vai sofrer uma nova interrupção. Volto depois do Avante. Até lá fiquem bem.
Já agora deixo a sugestão: Venham até à Atalaia!

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

MAIS MIMOS


O Bairro do Amor continua a receber alguns mimos dos seus estimados visitantes desta vez os meus agradecimentos vão para o António Delgado do blogue Ecos e Comentários que me passou mais um certificado que atesta que o "Bairro" está entre os seus "Melhores Momentos Virtuais". Muito obrigado amigo António por esta distinção.


O outro prémio veio do Zé Povinho que me distinguiu com o prémio "Blog Solidário". Muito obrigado por mais este honroso prémio.

Como já sabem não faço distinções entre os meus visitantes. Por isso já sabem que todos os meus amigos que se encontram aqui na coluna ao lado são contemplados mais uma vez com um "Certificado" e com um prémio de "Blog Solidário".

Mais uma vez obrigado a todos os meus amigos que me nomearam e parabéns a todos os que me visitam aqui neste meu modesto Bairro.

Um abraço a todos.

TRAGÉDIA GREGA

Louisa Gouliamaki AFP

Nikolas Giakoumidis AP

John Kolesidis Reteurs


Yirogos Karahalis Reuters

NASA Reteurs