sábado, 2 de junho de 2007

TENHO A CERTEZA


Tenho a certeza
De que entre nós tudo acabou.
- Não há bem que sempre dure,
E o meu, bem pouco durou.
Não levantes os teus braços
Para de novo cingir
A minha carne de seda;
-Vou deixar-te, vou partir!

E se um dia te lembrares
Dos meus olhos de bronze
E do meu corpo franzino,
Acalma
A tua sensualidade
Bebendo vinho e cantando
Os versos que te mandei
Naquela tarde cinzenta!

Adeus!
Quem fica sofre, bem sei;
Mas sofre mais quem se ausenta!

António Botto
As Canções
Editorial Presença, 1999
Foto: Marlino Thorlacius

15 comentários:

avelaneiraflorida disse...

"Tenho a certeza" de que Botto foi um poeta de e da sensibilidade...

Nada melhor para começar o dia!Embora pareça triste...

Bjks

wind disse...

Triste e belo!
Beijos

Belzebu disse...

Sempre nostálgico e sensual, o tantas vezes esquecido António Botto!

Um abraço infernal!

papagueno disse...

Nostálgico, sensual, sensivel, triste e belo sim, agora diria mais maldito do que esquecido.

SA disse...

é um dos meus poetas favoritos, gostei do poema e da mensagem :)

Anônimo disse...

O poeta propõe que se beba vinho para acalmar a sensualidade...
Não será isso matar o "seu espírito"? Ou será o caso de o vinho já ter matado o "espírito" do poeta?

Alma Nova ® disse...

Sim, infelizmente para quem não o conhece, Botto é mais " o poeta maldito", apesar de toda a beleza do que escreve. Outro grande poema! Jokitas.

Ema Pires disse...

Nao conhecia este poeta. Agora sim, graças a si. O nome de Papagueno está inspirado da obra do Mozart?
Quando tiver vontade, passe pelo meu blog.
Um abraço

Inês disse...

a vida está cheia de começos e fins... tal como uma espiral que sobe dias acima...*

Mário Margaride disse...

Mais um belo poema, de António Boto!

Boa escolha papagueno

Bom Domingo

Um abraço

papagueno disse...

3vairado
Acho que o vinho é só para acalmar as saudades para quando se lembrar "dele" e assim despertar a sensualidade com as recordações do passado.

Olá Sa também é um dos meus favoritos. Admiro-o porque na sociedade em que vivia nunca teve medo de mostrar quem era.

Olá Ema Bem-vinda, vou lá fazer uma visita sim senhor. Quanto ao Papagueno é primo do Papageno do Mozart.

Obrigado Inês, Mário e Alma Nova por mais uma visita e comentário.

Gi disse...

Ele não teve medo de mostrar o que era mas mesmo assim foi votado ao ostracismo. Já publiquei alguns poemas dele. Diz bem o amor, até as despedidas que são tão cheias de tudo e nada, como costumo dizer, embora tristes conseguem ser belas. Aqui é mais o nada e o tudo :)

Beijinhos para ti

Maria Romeiras disse...

Os malditos não são esquecidos. Estão presentes e marcam. Não o leio triste, mas sentido. É vida de que fala. E muito bem. Um beijo.

lady.bug disse...

de certezas está o inferno cheio... é como as boas intenções

Anônimo disse...

Então o que vai para aqui neste blog?
Vá em frente...

Um Abraço e Bom Domingo