domingo, 3 de junho de 2007
O AMARELO DA CARRIS
O amarelo da Carris
vai da Alfama à Mouraria,
quem diria.
Vai da Baixa ao Bairro Alto,
trepa à Graça em sobressalto,
sem saber geografia.
O amarelo da Carris
já teve um avô outrora,
que era o xora???.
Teve um pai americano,
foi inglês por muito ano,
só é português agora.
Entram magalas, costureiras;
descem senhoras petulantes.
Entre a verdade, os peliscos e as peneiras,
fica tudo como dantes.
Quero um de quinze p'ra a Pampuia.
Já é mais caro este transporte.
E qualquer dia,
mudo a agulha porque a vida
está pela hora da morte.
O amarelo da Carris
tem misérias à socapa
que ele tapa.
Tinha bancos de palhinha,
hoje tem cabelos brancos,
e os bancos são de napa.
No amarelo da Carris
já não há "pode seguir"
para se ouvir.
Hoje o pó que o faz andar
é o pó (???)
com que ele se foi cobrir.
Quando um rapaz empurra um velho,
ou se machuca uma criança,
então a gente vê ao espelho o atropelo
e a ganância que nos cansa.
E quando a malta fica à espera,
é que percebe como é:
passa à pendura
um pendura que não paga
e não quer andar a pé.
Entram magalas, costureiras;
descem senhoras petulantes.
Entre a verdade,
os peliscos e as peneiras,
fica tudo como dantes.
Quero um de quinze p'ra a Pampuia.
Já é mais caro este transporte.
E qualquer dia,
mudo a agulha porque a vida
está pela hora da morte.
Letra: José Carlos Ary dos Santos
Música: José Luís Tinoco
Voz: Carlos do Carmo
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8 comentários:
Grande escolha amigo.
Um Abraço
Que saudades tenho eu de os ver a circular na minha cidade...
Boa semana.
Grandes recordações tenho eu desses bancos de palhinha...
Abraço
Minha filha está morando em Sintra. Olhando a foto, fiquei a pensar na calmaria de um pequeno bonde enquanto eu me perco no caos do Rio...
beijinhos
Ary dos santos...***
e eu ando no 28... hehe!
É uma pena que haja cada vez menos amarelos.
Esperemos que daqui a um tempo esta canção não seja apenas uma recordação.
Abraço.
Gostei do AMARELO da CARRIS, há bem pouco tempo fiz um post sobre um passeio de eléctrico...
Na descrição que ando a fazer sobre umas mini-férias de 4 dias pelo Alentejo profundo, também vejo prados falando, a Natureza, os moinhos, os ventos e o luar;
Os meus olhos tudo registaram, agora tento passar a quem me lê, através de palavras e de fotografias, mas...o melhor está dentro de mim; porque por mais que vos diga, nunca irei conseguir transmitir o que na realidade senti. São emoções muito fortes e belas.
E quanta gente existe, sem verdadeiros olhos de ver...
Que se desespera a ver se alcança
A Felicidade feita de pequenos nadas...
Assim vou sendo feliz em pequenas parcelas.
Beijitos de carinho.
Belas imagens desta Lisboa que desaparece, levada neste tempo de "civilização" que não se compadece. Jokitas.
Quantas saudades de quando era pequenina e vinha a Lisboa. Gostava e sempro adoro apanhar um desses eléctricos amarelos, que infelizmente estao a desaparecer.
Bonita postagem
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