quinta-feira, 31 de maio de 2007
DESERTO DA CAPARICA
Descapotável pela ponte
e o cabelo a voar.
Óculos escuros da Ray Ban
e o cantante a partir
com a k7 dos Ramones
para a gente curtir.
Aqui vou eu para a Costa
Aqui vou eu cheio de pica
Viro costas a Lisboa
VOU PARA O DESERTO DA CAPARICA.
De "Sol da Caparica", Peste & Sida
MUSEU NACIONAL DA MÚSICA
O Museu da Música possui uma colecção onde se reúnem mais de mil instrumentos musicais dos séculos XVI a XX, sobretudo europeus, mas também africanos e asiáticos, de tradição erudita e popular.
A grande parte deste acervo provém das antigas colecções de Michel’angelo Lambertini, Alfredo Keil e António Lamas. Dele fazem parte instrumentos raros e de incalculável valor histórico e organológico sendo particularmente notável pela quantidade e qualidade de instrumentos de factura portuguesa, espécimes pouco abundantes em museus congéneres.
A colecção integra alguns exemplares únicos como os corne ingleses de Grenser e de Grundman & Floth (Leipzig, final do século XVIII) e de Ernesto Frederico Haupt (Lisboa, meados do século XIX); de extrema raridade, como o oboé de Eichentopf (Leipzig, segundo quartel do século XVIII); ou de enorme valor organológico, como é o caso do cravo de Pascal Taskin.
Entre os exemplares de factura portuguesa são de destacar o cravo de Joaquim José Antunes (Lisboa, 1758), os clavicórdios setecentistas das oficinas lisboetas e portuenses, os violinos e violoncelos de José Galrão (activo em Lisboa entre 1760 e 1794), as flautas transversais da "dinastia" Haupt (meados do século XVIII a finais do século XIX), as cornetas e trombones de Rafael Rebelo (Lisboa, 1875), o órgão de Joaquim Fontanes (finais do século XVIII) e as guitarras de Domingos José Araújo (Braga, 1812).
Vários exemplares são importantes como memorial dos seus possuidores, personalidades de relevo na vida pública e cultural portuguesa e europeia. São caso disso o piano (Boisselot & Fils) que Franz Liszt trouxe de França em 1845, a trompa de Marcel-Auguste Raoux, construída para Joaquim Pedro Quintela, 1.º Conde de Farrobo, o violoncelo de António Stradivari, que pertenceu e foi tocado pelo rei D. Luís, e o violoncelo de Henry Lockey Hill, que pertenceu à violoncelista Guilhermina Suggia.
Outros são bastante curiosos, como os violinos portáteis (de algibeira), usados pelos professores de dança, a flauta de cristal e prata, as flautas bengala, o melofone de Jean Louis Olivier Cossoul ou as trombetas marítimas.
A MINHA AMANTE
Deixa-os dizer!…
Eles sabem lá o que há de sublime
Nos meus sonhos de prazer…
De madrugada, logo ao despertar,
Há quem me tenha ouvido gritar
Pelo teu nome…
Dizem - e eu não protesto -
Que seja qual for
o meu aspecto
tu estás
na minha fisionomia
e no meu gesto!
Dizem que eu me embriago toda em cores
Para te esquecer…
E que de noite pelos corredores
Quando vou passando para te ir buscar,
Levo risos de louca, no olhar!
Não entendem dos meus amores contigo -
Não entendem deste luar de beijos…
- Há quem lhe chame a tara perversa,
Dum ser destrambelhado e sensual!
Chamam-te o génio do mal -
O meu castigo…
E eu em sombras alheio-me dispersa…
E ninguém sabe que é de ti que eu vivo…
Que és tu que doiras ainda,
O meu castelo em ruína…
Que fazes da hora má, a hora linda
Dos meus sonhos voluptuosos -
Não faltes aos meus apelos dolorosos
- Adormenta esta dor que me domina!
Judith Teixeira
Descoberto no Web Club
quarta-feira, 30 de maio de 2007
segunda-feira, 28 de maio de 2007
O MUNDO É GRANDE
domingo, 27 de maio de 2007
PODE ALGUÉM SER QUEM NÃO É?
Senhora de preto
diga o que lhe dói
é dor ou saudade
que o peito lhe rói
o que tem, o que foi
o que dói no peito?
- É que o meu homem partiu
Disse-me na praia
frente ao paredão
“tira a tua saia
dá-me a tua mão
o teu corpo, o teu mar
teu andar, teu passo
que vai sobre as ondas, vem”
Pode alguém ser quem não é?
Pode alguém ser quem não é?
Pode alguém ser quem não é?
Seja um bom agoiro
ou seja um mau presságio
sonhei com o choro
de alguém num naufrágio
não tenho confiança
já cansa este esperar
por uma carta em vão
“por cá me governo”
escreveu-me então
“aqui é quase Inverno
aí quase Verão
mês d’Abril, águas mil
no Brasil também tem
noites de S. João e mar”
Pode alguém ser quem não é?
É estranho no ventre
ser de outro lugar
e tão confusamente
ver desmoronar
um a um sonhos sãos
duas mãos
passando da alegria ao desamor
Pode alguém ser livre
se outro alguém não é
a algema dum outro
serve-me no pé
nas duas mãos,
sonhos vãos, pesadelos
diz-me:
Pode alguém ser quem não é?
Sérgio Godinho
Imagem: Violação Rená Magritte
sábado, 26 de maio de 2007
UM NOME
Vou guardar as tuas mäos na paixäo que tenho por ti,
mas näo te posso revelar o meu nome, nem precisas de o saber.
Chama-me o que quiseres, dá-me um nome para que possamos
amarmo-nos.
Aquele que tinha perdi-o no caminho até aqui.
Pertencia a outra paixäo, e já a esqueci.
Dá-me tu um nome para eu poder ficar contigo...
Al Berto
sexta-feira, 25 de maio de 2007
CHORO
Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro
as crianças violadas
nos muros da noite
úmidos de carne lívida
onde as rosas se desgrenham
para os cabelos dos charcos.
Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro
diante desta mulher que ri
com um sol de soluços na boca
— no exílio dos Rumos Decepados.
Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro
este sequestro de ir buscar cadáveres
ao peso dos poços
— onde já nem sequer há lodo
para as estrelas descerem
arrependidas de céu.
Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro
a coragem do último sorriso
para o rosto bem-amado
naquela Noite dos Muros a erguerem-se nos olhos
com as mãos ainda à procura do eterno
na carne de despir,
suada de ilusão.
Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro
todas as humilhações das mulheres de joelhos nos tapetes da súplica
todos os vagabundos caídos ao luar onde o sol para atirar camélias
todas as prostitutas esbofeteadas pelos esqueleto de repente dos espelhos
todas as horas-da-morte nos casebres em que as aranhas tecem vestidos para o sopro do
silêncio
todas as crianças com cães batidos no crispar das bocas sujas
de miséria...
Ninguém vê as minhas lágrimas, mas choro...
Mas não por mim, ouviram?
Eu não preciso de lágrimas!
Eu não quero lágrimas!
Levanto-me e proíbo as estrelas de fingir que choram por mim!
Deixem-me para aqui, seco,
senhor de insónias e de cardos,
neste ódio enternecido
de chorar em segredo pelos outros
à espera daquele Dia
em que o meu coração
estoire de amor a Terra
com as lágrimas públicas de pedra incendiada
a correrem-me nas faces
— num arrepio de Primavera
e de Catástrofe!
José Gomes Ferreira
Foto: Tears, Man Ray
quinta-feira, 24 de maio de 2007
BLOG COM TOMATES
FUGIU-LHE A BOCA PARA A VERDADE
«Quero deixar-vos também uma palavra de confiança, confiança em vós, nas vossas famílias e a certeza que cada um de vós dará o seu melhor para um país mais justo, para um país mais pobre... perdão, para um país mais solidário, mais próspero, evoluído».
José Sócrates no discurso sobre a nova Lei da Nacionalidade
quarta-feira, 23 de maio de 2007
RELATÓRIO ANUAL DA A.I.
Darfur, Afeganistão, Iraque são alguns dos pontos negros apontados pela organização.
Nem o chamado "mundo livre" se livra desta lista negra, em destaque estão as ameaças às liberdades individuais usando a luta contra o terrorismo como desculpa.
Mais uma vez Portugal não escapa às criticas da organização: Excessos das forças policiais, a falta de condenações por acusações de racismo são duas das principais nódoas apontadas ao nosso país.
O mais grave de tudo neste relatório são os números sobre a violência doméstica em Portugal. Segundo a edição de hoje do Jornal Público 86% das denúncias à APAV são sobre violência doméstica. Mais grave ainda, só em 2006 morreram cerca de 39 mulheres vítimas de violência doméstica.
Por fim, a A.I., congratula-se com o facto de o Código Penal já incluir como violência doméstica os maus tratos entre uniões de facto, casais homossexuais e ex-parceiros.
A ler também o Post de hoje no Querubim Peregrino sobre violência doméstica.
Links:
TAMBÉM ESTE CREPÚSCULO
Também este crepúsculo nós perdemos.
Niguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas
enquanto a noite azul caía sobre o mundo.
Olhei da minha janela
A festa do poente nas encostas ao longe.
Às vezes como uma moeda
acendia-se um pedaço de sol nas minhas mãos.
Eu recordava-te com a alma apertada
por essa tristeza que tu me conheces.
Onde estavas então?
Entre que gente?
Dizendo que palavras?
Porque vem até mim todo o amor de repente
quando me sinto triste, e te sinto tão longe?
PABLO NERUDA
20 Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada
Publicações D. Quixote
Tradução: Fernando Assis Pacheco
terça-feira, 22 de maio de 2007
VI O TEU SORRISO...
DIA INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE
segunda-feira, 21 de maio de 2007
BROKEN BICYCLES
Broken bicycles, old busted chains
With busted handle bars out in the rain.
Somebody must have an orphanage for
All these things that nobody wants any more
September's reminding July
It's time to be saying good-bye
Summer is gone, Our love will remain
Like old broken bicycles out in the rain
Broken Bicycles, don't tell my folks
There's all those playing cards pinned to the spokes
Laid down like skeletons out on the lawn
The wheels won't turn when the other has gone
The seasons can turn on a dime
Somehow I forget every time
For all the things that you've given me
Will always stay, there broken but I'll never throw them away
Tom Waits
AS 33 RESPOSTAS
Eu tenho – Amor para dar
Eu acho – Que a continuar assim, este país não vai lá.
Eu odeio – Hipocrisia, preconceitos, discriminação...
Eu sinto – Tudo
Eu escuto – Os amigos
Eu cheiro – Bem, acho eu :)
Eu imploro – Por um mundo melhor
Eu procuro – O que não encontro...
Eu arrependo-me – Do que podia ter feito e não fiz
Eu amo – A vida
Eu sinto dor – Quando me enganam
Eu sinto falta – De ti...
Eu importo-me – Com os amigos
Eu sempre – Nada é para sempre.
Eu não fico – ...E vou-me embora.
Eu acredito – No amor
Eu danço – Às vezes
Eu canto – Quando estou sózinho, senão os amigos fogem :)
Eu choro – Às vezes
Eu falho – Às vezes, errar é humano.
Eu luto – Pelo fim das lutas.
Eu escrevo – Só nos meus blogues.
Eu ganho – Uma miséria, senhor P.M., vamos subir esses salários sim?
Eu perco – Como não jogo nunca perco.
Eu nunca – Fui à Austrália.
Eu confundo-me – Às vezes com certas pessoas
Eu estou – Sei que não estou onde queria estar
Eu sou – Eu sou quem eu sou. "I am what i am and i don't give a dam"
Eu fico feliz – Por ver os outros felizes.
Eu tenho esperança – Numa sociedade mais justa
Eu preciso – De amor e compreensão.
Eu deveria – Ter juízo que já tenho idade para isso.
domingo, 20 de maio de 2007
sábado, 19 de maio de 2007
PARA TI PRIMA
Para a minha prima (desculpa, Dra Prima) e para todos os finalistas vou "repostar" o:
FADO DO ESTUDANTE
Também conhecido por "Fado do Vasquinho"
Que negra sina ver-me assim
Que sorte e vil degradante
Ai que saudades eu sinto em mim
Do meu viver de estudante
Nesse fugaz tempo de Amor
Que de um rapaz é o melhor
Era um audaz conquistador das raparigas
De capa ao ar cabeça ao léu
Sem me ralar vivia eu
A vadiar e tudo mais eram cantigas
Nenhuma delas me prendeu
Deixa-las eu era canja
Até ao dia que apareceu
Essa traidora de franja
Sempre a tinir sem um tostão
Batina a abrir por um rasgão
Botas a rir num bengalão e ar descarado
A malandrar com outros tais
E a dançar para os arraiais
Para namorar beber, folgar cantar o fado
Recordo agora com saudade
Os calhamaços que eu lia
Os professores da faculdade
E a mesa da anatomia
Invoco em mim recordações
Que não têm fim dessas lições
Frente ao jardim do velho campo de Santana
Aulas que eu dava se eu estudasse
Onde ainda estava nessa classe
A que eu faltava sete dias por semana
O Fado é toda a minha fé
Embala, encanta e inebria
Dá gosto à gente ouvi-lo até
Na radio - telefonia
Quando é cantado e a rigor
Bem afinado e com fulgor
É belo o Fado, ninguém há quem lhe resista
É a canção mais popular, toda a emoção faz-nos vibrar
Eis a razão de ser Doutor e ser Fadista
sexta-feira, 18 de maio de 2007
CONTROL
Hoje assinalam-se os 27 anos da morte de Ian Curtis, o vocalista dos Joy Division. Foi no dia 18 de Maio de 1980 que após uma discussão com a mulher, viu Stroszek de Werner Herzog, ouviu The Idiot de Iggy Pop e a seguir enforcou-se na cozinha da sua casa em Manchester. Assim morria o homem e nascia o mito.
DISORDER
I've been waiting for a guide to come and take me by the hand,
Could these sensations make me feel the pleasures of a normal man?
These sensations barely interest me for another day,
I've got the spirit, lose the feeling, take the shock away.
It's getting faster, moving faster now, it's getting out of hand,
On the tenth floor, down the back stairs, it's a no man's land,
Lights are flashing, cars are crashing, getting frequent now,
I've got the spirit, lose the feeling, let it out somehow.
What means to you, what means to me, and we will meet again,
I'm watching you, I'm watching her, I'll take no pity from your friends,
Who is right, who can tell, and who gives a damn right now,
Until the spirit new sensation takes hold, then you know,
Until the spirit new sensation takes hold, then you know,
Until the spirit new sensation takes hold, then you know,
I've got the spirit, but lose the feeling,
I've got the spirit, but lose the feeling.
Feeling, feeling, feeling, feeling, feeling, feeling, feeling.
Joy Division
QUANDO VIR VAGUEAR O CORPO DA NOITE
Quando vir vaguear o corpo da noite
dançante, por entre os cascos da bruma,
virei até à janela que se despenha
no jardim das palavras.
Pedirei à sombra que me conceda ainda o verso
o verso sujo, lâmina ou centelha
ateando a manhã, entre o café
e este lume do silêncio,
a arder pela flor da giesta.
Não mais cantar senão o ar
ou as mãos que poisam, tão quietas
detentoras de incerteza, apenas.
Ficar assim, no olhar destas vidraças
onde julgo ver a vida que sonho ser
Maria João Cantinho
DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS
quinta-feira, 17 de maio de 2007
ESTREIA DOS WHO EM LISBOA
UM THINKING BLOGGER E UM MEME
Quero aproveitar para agradecer à Freyja por me ter agraciado com mais um Thinking Blogger.
Minha amiga estou muito grato por esta honra, agora, vais-me desculpar mas já fiz seguir Thinking Bloggers por duas vezes. Se não levares a mal não o vou voltar a fazer, pelo menos não tão cedo.
Muchas Gracias e besitos para ti.
É também com algum atraso que respondo ao MEME enviado pela minha amiga XRéis e a outro enviado pelo Ludovicus.
A idéia deste MEME é divulgar um lugar que eu considere, muito especial em Portugal. Esta idéia nasce da vontade de mostrar lugares mágicos do planeta e falar das emoções que se produzem ao vê-los.
Escolhi por isso falar da terra que me acolheu aos quatro anos quando vim de Angola:
Ai, há quantos anos que eu parti chorando
deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
canta-me cantigas para me eu lembrar!...
Guerra Junqueiro
Peço desculpa à XRéis e ao Ludovicus mas também não vou reenviar o desafio, deixo aqui para quem estiver disposto a dar-lhe seguimento.
segunda-feira, 14 de maio de 2007
NO TEMPO DO GIRA-DISCOS
A exposição pretende divulgar a música portuguesa das décadas de 60 e 70, a partir de uma selecção de discos efectuada pelos etnomusicólogos António Tilly e João Carlos Callixto onde não faltarão gravações de Simone de Oliveira, Carlos do Carmo, Sheiks, José Cid, Banda do Casaco, José Afonso e muitos outros, podendo algumas delas ser ouvidas pelos visitantes no decurso da exposição.
Organizada em conjunto com o Instituto de Etnomusicologia (INET) - centro de investigação integrado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa (UNL) – e contando com a colaboração da RDP e de colecções particulares na cedência de discos, a exposição pretende igualmente homenagear algumas figuras fundamentais da música portuguesa daquelas décadas.
DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS
domingo, 13 de maio de 2007
DIVAGAÇÕES EXISTÊNCIAIS
O que fazemos nós aqui?
Quem somos?
De onde vimos e para onde vamos?
As eternas perguntas a que jamais conseguiremos responder. Seria mais fácil se fosse um crente e acreditasse que tudo isto foi criado por um ser superior num momento de ócio ou de grande inspiração.
Não sou crente mas se fosse gostaria de falar pessoalmente com Deus, tinha tanta pergunta para lhe fazer.
Desculpem estas divagações existênciais mas lembrei-me disto tudo ao ver este maravilhoso vídeo.
sábado, 12 de maio de 2007
POEMA
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás
Composição: Cazuza/Frejat
Intérprete: Ney Matogrosso
FEITIÇO DO TAMBOR
Sinto o som do batuque nos meus ossos,
o ritmo do batuque no meu sangue.
É a voz da marimba e do quissange,
que vibra e plange dentro de minh'alma,
- e meus sonhos, já mortos, já destroços,
ressuscitam, povoando a noite calma.
Tenho na minha voz ardente o grito
desses gritos febris das batucadas,
nas noites em que o fogo das queimadas
parece caminhar para o infinito...
E meus versos são feitos desse canto,
que o vento vai cantando, em riso e pranto,
quanto o batuque avança desflorando
o silêncio de virgens madrugadas.
Músicos negros, colossos,
e negras bailarinas, sensuais,
tocam e dançam, cantando,
agitando meus ímpetos carnais.
O batuque ressoa-se nos ossos,
seu ritmo louco no meu sangue vibra,
vibra-me nas entranhas, fibra a fibra,
sinto em mim o batuque penetrando
- e já sou possuído de magia!
A batucada tem feitiço eterno.
O batuque de dor e de alegria,
que sinto no meu ser, dentro de mim,
nunca mais terá fim,
nem mesmo alem do Céu e além do Inferno!
Geraldo Bessa Victor
Poeta angolano
quinta-feira, 10 de maio de 2007
O JOGO DOS 7
7 coisas que tenho de fazer antes de morrer:
- Amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui...além... Em todo o lado.
- Continuar a viver em liberdade, democracia e respeito pelos outros.
- Viver o suficiente para ver o fim das injustiças e da intolerância no mundo.
- Fazer mais amigos e continuar a estimar os que já tenho.
- Antes de morrer gostaria de viver com saude até aos 500 anos.
- Vencer os meus medos e ansiedades.
- Assistir a alguns dos maiores festivais de rock da Europa
7 coisas que mais digo:
- Spooooorting!
- Se Faz Favor.
- Amor.
- Beijinhos
- Com licença/Excuse me/Scusi/Excusez-moi
- Amizade
- Obrigado.
7 coisas que eu faço bem:
- Ser amigo, os meus que o confirmem
- Tolerante.
- Tentar compreender os outros.
- Gostar de música.
- Amar a vida e a natureza e o mar.
- Ser meigo e carinhoso.
- Voar pelo mundo dos sonhos
7 coisas que eu não faço:
- Julgar os outros
- Ir à missa ou qualquer outro acto religioso.
- Ser arrogante.
- Chegar tarde a um encontro.
- Aturar hipocrisias
- "Levar" com injustiças, intolerâncias e discriminações.
- Ouvir música que eu considero má.
7 coisas que adoro:
- O amor
- Sexo
- Pessoas meigas e carinhosas
- A música
- A Poesia
- A Amizade
- A Leitura
7 coisas que odeio:
- Intolerancia,homofobia, racismo ou qualquer outro tipo de discriminação
- Violencia
- Injustiças
- Hipocrisia
- A Prepotência
- Arrogancia
- A Vaidade
7 amigos para continuarem o jogo
30 ANOS DE CANÇÕES
Onde foi encontrar
Mago sopro encanto
Nau da vela em cruz
Foi nas ondas do mar
Do mundo inteiro
Terras da perdição
Parco império mil almas
Por pau de canela e mazagão
Pata de negreiro
Tira e foge á morte
Que a sorte é de quem
A terra amou
E no peito guardou
Cheiro da mata eterna
Laranja luanda
Sempre em flor.
DISPERSÃO
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto.
É com saudades de mim.
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.
(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:
Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).
O pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que me abismaste nas ânsias.
A grande ave doirada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.
Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.
Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que protejo:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projeto.
Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.
Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.
Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... Mas recordo
A sua boca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.
(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que sonhei!... )
E sinto que a minha morte -
Minha dispersão total -
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.
Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.
Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas...
Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas pra se dar...
Ninguém mas quis apertar...
Tristes mãos longas e lindas...
Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...
Desceu-me n'alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.
Álcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em uma bruma outonal.
Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida
Eu sigo-a, mas permaneço...
Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba...
Paris - maio de 1913.
Mário de Sá-Carneiro
quarta-feira, 9 de maio de 2007
SPENCER TUNIK NO MÉXICO
AS TRISTES FIGURAS DA NOSSA CULTURA
É impressão minha ou ela está de pijama?
Foto: Expresso
terça-feira, 8 de maio de 2007
LAPIDADA!
A rapariga demorou 30 minutos a morrer.
Vergonha, Ira…
Afinal que mundo é este, onde estão os Direitos da Mulher?
O CHARLATÃO
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis de ouro a um tostão
enriquece o charlatão
No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f´rido
e outro em França anda perdido
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga
No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-se em quatro zonas
instalados em poltronas
P´rá rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca de alguns patacos
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão
Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão
É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra
Letra: Sérgio Godinho
Música: José Mário Branco
NO FUTURE? ANARCHY IN THE UK
No Future!
Era o que gritavam estes senhores há 30 anos atrás. Apesar da senhora Thatcher e de Tony Blair o futuro da Inglaterra nem foi assim tão mau. Será que podemos esperar o mesmo de Portugal?
Penso que não, com esta corja de governantes medíocres, corruptos e mentirosos não vamos a lado nenhum.
Este é o país que temos e são os governantes que temos. Mas será que nos podemos queixar? Fomos nós que os elegemos.
segunda-feira, 7 de maio de 2007
MEME II
OS MEUS PÉS DESCALÇOS
Pés Descalços
Os meus pés andantes
Procuram a palanca real, palanca negra
E desencantam as quedas de Kalandula
Quedas da minha terra
Oh é bela Angola
É bela Angola e são felizes os meus pés caminhantes
Os meus pés empoeirados
Acariciam subsolo rico, ouro negro a jorrar no alto mar
Ouro negro a jorrar no offshore
E no onshore
Ouro negro a brotar
Das entranhas do mar, para os meus pés esfomeados!
Os meus pés garimpeiros
Apalpam tesouros e mais tesouros
Minas de diamante, ferro, cobre, prata, ouro…
Debaixo dos meus pés ásperos
Minas de diamante debaixo dos meus pés maltratados
Debaixo dos meus pés esfomeados
Os meus pés camponeses
Galgam a terra, terra boa de agricultura
Terra boa de verdura
E farta de feijão, mandioca, milho, batata…
Terra boa, terra farta
Debaixo dos meus pés famintos e felizes
Os meus pés pescadores
Banham-se em mares ricos
Mares de garoupas, corvinas, carapau, mariscos…
E mergulham em rios fartos, Kwanza, Kubango
Keve, Bengo…
Águas fartas a banharem os meus pés sofredores
Os meus bolsos vazios
Vêem outros bolsos vazios aterrar desnutridos
E depois, bolsos cheios
A levantar voo, a embarcar abastados
Bolsos cheios a embarcar com sorrisos
A embarcar abarrotados, oh que paraíso!
Os meus pés descalços
Clamam por migalhas, clamam por pedaços
Os meus bolsos vazios
Não clamam por milhões, não clamam por rios
Os meus bolsos vazios e os meus pés famintos
Clamam somente por migalhas de alimentos!
Décio Bettencourt Mateus
domingo, 6 de maio de 2007
sábado, 5 de maio de 2007
MEME
RAPARIGA À JANELA
sexta-feira, 4 de maio de 2007
NEGATIVO DE UMA CANÇÃO DE EMBALAR
Negativo duma Canção de Embalar
Não. Não consigo lembrar-me.
Foi um beijo de amor que arrefeceu.
Só pequenino, e novamente ao colo
Da que morreu,
Eu poderia refazer o solo
Dessa canção que agora se perdeu.
Não. Não consigo nem quero
Trazer das trevas da recordação
A partitura fria
Dessa materna e simples melodia
Que era o berço de paz e de emoção
Onde a minha inocência adormecia.
Miguel Torga (1907-1995)
Poesia Completa, 2000
ROSA PÁLIDA
Rosa pálida, em meu seio
Vem querida, sem receio
Esconder a aflita cor.
Ai! a minha pobre rosa!
Cuida que é menos formosa
Porque desbotou de amor.
Pois sim...quando livre, ao vento,
Solta de alma e pensamento,
Forte de tua isenção,
Tinhas na folha incendida
O sangue, o calor e a vida
Que ora tens no coração,
Mas não era, não, mais bela,
Coitada, coitada dela,
A minha rosa gentil!
Curvam-na então desejos,
Desmaiam-na agora os beijos...
Vales mais mil vezes, mil.
Inveja das outras flores!
Inveja de quê, amores?
Tu, que vieste dos céus,
Comparar tua beleza
Às folhas da natureza!
Rosa, não tentes a Deus.
É vergonha...de quê, vida?
Vergonha de ser querida,
Vergonha de ser feliz!
Porquê? Porquê em teu semblante
A pálida cor da amante
A minha ventura diz?
Pois, quando eras tão vermelha
Não vinha zângão e abelha
Em torno de ti zumbir?
Não ouvias entre as flores
Histórias de mil amores
Que não tinhas, repetir?
Que hão-de eles dizer agora?
Que pendente e de quem chora
É o teu lânguido olhar?
Que a tez fina e delicada
Foi de ser muito beijada,
Que te veio a desbotar?
Deixa-os: pálida ou corada,
Ou isenta ou namorada,
Que brilhe no prado flor,
Que fulja no céu estrela,
Ainda é ditosa e bela
Se lhe dão só um amor.
Ai! deixa-os e no meu seio
Vem, querida, sem receio,
Vem a frente reclinar.
Que pálida estás, que linda!
Oh! quanto mais te amo ainda
Dês que te fiz desbotar.
Almeida Garrett
FILIPA DE LENCASTRE NO PALÁCIO DE SINTRA
Para assinalar o lançamento deste romance histórico, Isabel Stilwell propõe uma visita guiada ao Palácio Nacional de Sintra, no centro da Vila, no dia 4 de Maio, pelas 11h00.
A escolha recai no Palácio da Vila, por este ser um dos locais preferidos da Rainha Filipa de Lencastre, mulher de El-Rei D. João I. Ao casal deve-se a construção da cozinha do Palácio da Vila e das suas famosas chaminés geminadas, as quais constituem um dos mais famosos monumentos de Sintra.
D. Filipa nasceu em Inglaterra em 1359 e, aos 29 anos, casou com D. João I de Portugal. Foi mãe de 8 filhos, a chamada ínclita geração, príncipes cultos e respeitados em toda a Europa – que mudaria para sempre os destinos da nação. Infante D. Henrique (o Navegador), o Rei D. Duarte (poeta e escritor) e D. Fernando (o Infante Santo), são disso exemplo.
Mulher de uma fé inabalável, conhecida pela sua generosidade, empreendedora e determinada a mudar os usos e costumes de uma corte tão diferente da sua, D. Filipa de Portugal morreu vítima de peste negra, tal como a sua mãe, a 15 de Julho de 1415, aos 55 anos de idade.
Num romance baseado numa investigação histórica cuidada, Isabel Stilwell conta-nos a vida de uma das mais importantes rainhas de Portugal. Desde a sua infância em Inglaterra, onde conhecemos a corte do século XIV, à sua chegada de barco a Portugal, onde somos levados numa vertigem de sentimentos e afectos, aventuras e intrigas.
quinta-feira, 3 de maio de 2007
THINKING BLOGGER
A parte pior é sempre ter que passar para alguém, é chato porque ficam sempre muitos de fora.
Andei à procura de alguns que eu acho que ainda não foram nomeados e decidi escolher estes:
Zé Povinho
O Guardião
Porque ambos se preocupam com o preocupante estado do nosso património e da nossa cultura.
Cantares de Amigo
Imagine Me And You
Alma Nova
Porque são três meninas que eu visito à pouco tempo e sinto-me sempre bem por lá.
PARA COMEÇAR BEM O DIA
Finalmente, quem é homem sabe o que isto é...