sábado, 12 de maio de 2007
FEITIÇO DO TAMBOR
Sinto o som do batuque nos meus ossos,
o ritmo do batuque no meu sangue.
É a voz da marimba e do quissange,
que vibra e plange dentro de minh'alma,
- e meus sonhos, já mortos, já destroços,
ressuscitam, povoando a noite calma.
Tenho na minha voz ardente o grito
desses gritos febris das batucadas,
nas noites em que o fogo das queimadas
parece caminhar para o infinito...
E meus versos são feitos desse canto,
que o vento vai cantando, em riso e pranto,
quanto o batuque avança desflorando
o silêncio de virgens madrugadas.
Músicos negros, colossos,
e negras bailarinas, sensuais,
tocam e dançam, cantando,
agitando meus ímpetos carnais.
O batuque ressoa-se nos ossos,
seu ritmo louco no meu sangue vibra,
vibra-me nas entranhas, fibra a fibra,
sinto em mim o batuque penetrando
- e já sou possuído de magia!
A batucada tem feitiço eterno.
O batuque de dor e de alegria,
que sinto no meu ser, dentro de mim,
nunca mais terá fim,
nem mesmo alem do Céu e além do Inferno!
Geraldo Bessa Victor
Poeta angolano
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5 comentários:
Excelente, isto é áfrica:)
Beijos
Lindo!!!!
Posso "rapinar"??????
Bjks
Claro que sim Avelaneira. E não é rapinar é partilhar. É impressão minha ou sinto um certo carinho por África? Terei uma conterrânea?
Não!!! tenho pena, mas sou mesmo "alfacinha"...
Mas sim. TENHO UM IMENSO CARINHO POR ÀFRICA!!!
Tenho amigos que têm a sorte de poder ser voluntários (a sério) e que partilham comigo coisas maravilhosas...
Eu não posso, mas pode ser que um dia!!!!
Pois eu senti logo esse carinho ao ver um poema traduzido para crioulo. Eu nasci em Angola mas sai de lá com quatro aninhos, as recordações que tenho são as dos meus pais.
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