quinta-feira, 31 de maio de 2007

A MINHA AMANTE

Leda e o Cisne, 1532, Correggio
Dizem que eu tenho amores contigo!
Deixa-os dizer!…
Eles sabem lá o que há de sublime
Nos meus sonhos de prazer…
De madrugada, logo ao despertar,
Há quem me tenha ouvido gritar
Pelo teu nome…

Dizem - e eu não protesto -
Que seja qual for
o meu aspecto
tu estás
na minha fisionomia
e no meu gesto!

Dizem que eu me embriago toda em cores
Para te esquecer…
E que de noite pelos corredores
Quando vou passando para te ir buscar,
Levo risos de louca, no olhar!

Não entendem dos meus amores contigo -
Não entendem deste luar de beijos…
- Há quem lhe chame a tara perversa,
Dum ser destrambelhado e sensual!
Chamam-te o génio do mal -
O meu castigo…
E eu em sombras alheio-me dispersa…

E ninguém sabe que é de ti que eu vivo…
Que és tu que doiras ainda,
O meu castelo em ruína…
Que fazes da hora má, a hora linda
Dos meus sonhos voluptuosos -
Não faltes aos meus apelos dolorosos
- Adormenta esta dor que me domina!

Judith Teixeira

Descoberto no Web Club

3 comentários:

avelaneiraflorida disse...

Extraordinário poema e não menos a pintura!!!

O "velho" Coreggio sabia o que pintava...

Um acompanhamento musical de eleição! Gosto muito de Lorena M...

Para começar bem o dia!
Bjks

wind disse...

Belo post poema/pintura e a música linda:)
Beijos

Moura ao Luar disse...

Os amores não se dizem sente-se, fora de todas as falações de quem está de fora, mesmo que tenham razão, a surdez não nos deixa ouvir quem fala :-)