Faz frio. Outono. Chuvisca.
Nos Jardins cai agora o desconforto
Do adeus do fim do dia.
Passo o vento arrefecendo
As flores nos seus canteiros
E um sopro de claridade
Beija uns lírios e umas rosas
Numa curva fugidia...
Estremecem os meus nervos
Como se alguém lhes tocasse...
Engrossou a ventania.
As árvores vão ficando
Como coisas que perderam
A consistência da vida.
Tombam as folhas. E a noite
Agita uns lenços de sombra
E fica mais negra e funda
Nesta simples despedida.
António Botto
Imagem: Sofia Rodrigues,
Olhares.com
5 comentários:
Que saudades de António Botto!!!!
Consegues sempre dar-me uma pista, Amigo Papagueno!!!!!
De repente recordei os dias de infância...
"BRIGADOS"!!!
Bjks
O cheiro da nostalgia do Outono nas palavras de António Botto. Lindo, amigo.
Botto, Botto, sempre e mais António Botto!
É urgente pôr as pessoas a conhecer e a ler este imenso "poeta maldito"...
Sempre o Outono, a minha estação favorita...
Foi bom lembrar Botto.Obrigado.
Um beijo.
Já sabes o que sinto pelo Outono... mas é sempre bom reconhecer-me em palavras mais sagazes que as minhas :)
Beijinhos e uma boa semana
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