quarta-feira, 11 de julho de 2007
MISERERE NOBIS
O que um verso demora!
A esta mesma hora,
Quantos poetas, como eu, à espera!...
Passou o inverno, veio a primavera,
Deitou-se a noite, ergueu-se a madrugada,
E a voz
de todos nós
Cativa na garganta estrangulada!
Nenhum sinal no céu de próximo milagre;
Os adivinhos mal nos adivinham;
E os restantes humanos,
Há infinitos anos
Que apenas tecem
A teia da rotina,
Como o instinto os ensina.
E resta-nos a força
Que empurra os cegos contra a claridade.
Ter confiança é deslaçar metade
Do nó do tempo que o destino aperta.
Suprema descoberta
Doutros que no passado não desesperaram,
E foram premiados, e cantaram.
Miguel Torga
Poesia Completa
Públicações D. Quixote
Foto: Papagueno
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11 comentários:
O MEU TORGA!!!! TÂO BOM!!!! NESTE DIA DE SOL ....
Lindo poema (CLARO!!!!) e BELA IMAGEM!!!!
BJks
Um Poema inspirador ...!
Um Abraço da M&M & Cª!
PS: Hoje temos JP n´A Minha Matilde & Cª!
Belíssimo Papagueno!
Comprei recentemente outro livro dele, "Portugal".Tem passagens magníficas deste nosso país. Apeteceu-me começar quase pelo fim para ler o Alentejo. Fiquei deliciada. Um dia deste ponho no blog e chamo-te :)
Beijinhos
Um poema com muita força!
Beijos
Mais um belo poema de TORGA.
Com uma não menos bela, imagem!
Um abraço
un bello poema para este dia
te dejo muchos cariños y deseo que estes muy bien
besitos
besos y sueños
hoje anda tudo na poesia...
Muito Bem Amigo.
Um abraço
Ergueu-se a madrugada... será cedo demais? Beijinho, ando à procura do sol, bom ler Torga a esta hora.
Muito bom mesmo,nem podia ser difrente é Torga...
Um verso pode demorar o desfolhar desse malmequer lindo que tens na foto...
Mal-me-quer-bem-me-quer-mal-me-quer-bem-me-quer... muito...pouco...ou nada?????
Beijocas
BF
Gostei do poema; mas também da bela foto, tirada por ti... :)
Bjs!
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