quinta-feira, 26 de abril de 2007

ÚLTIMO SONETO


Que rosas fugitivas foste ali:
Requeriam-te os tapetes – e vieste...
– Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste –
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço –
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa ? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...

Paris - dezembro 1915

Mário de Sá-Carneiro

7 comentários:

sonhadora disse...

Esta noite deitei o sonho no leito ...e vejo estrelas.
beijinhos embrulhados em abraços

avelaneiraflorida disse...

Mário de Sá Carneiro....é sempre QUASE!!!!!

Boa escolha!Bjks

Mário Margaride disse...

Que soneto notável!

Um verdadeiro hino ao amor.

Muito bem papagueno.

Um abraço

Anônimo disse...

Lindo.
Ir espreguiçar-me e enroscar-me no quentinho... com estas palavras doces no ouvido...
Hum! Que bom...
Obrigado

Maria Romeiras disse...

Sá-Carneiro, grandes escolhas, grandes palavras. Os poetas escrevem como se nos lessem todos, mesmo os que ainda não são. A condição humana será assim tão previsível? Amar e ser amado...

papagueno disse...

Eu acho que sim Maria. Afinal amar e ser amados, não é o que todos desejamos?

Enfim... disse...

ta fixiiii

bjokas

Bom fim semana