sábado, 28 de abril de 2007

AUDIOPOEMA; POEMARMA

Poema é uma arma.m...

Como nem todos podem ler, desliguem a música em cima e disfrutem das palavras. Já o tinha postado nos tempos do Blog-City mas não neste formato.

POEMARMA

Que o poema tenha rodas motores alavancas
que seja máquina espectáculo cinema.
Que diga à estátua: sai do caminho que atravancas.
Que seja um autocarro em forma de poema.

Que o poema cante no cimo das chaminés
que se levante e faça o pino em cada praça
que diga quem eu sou e quem tu és
que não seja só mais um que passa.

Que o poema esprema a gema do seu tema
e seja apenas um teorema com dois braços.
Que o poema invente um novo estratagema
para escapar a quem lhe segue os passos.

Que o poema corra salte pule
que seja pulga e faça cócegas ao burguês
que o poema se vista subversivo de ganga azul
e vá explicar numa parede alguns porquês.

Que o poema se meta nos anúncios das cidades
que seja seta sinalização radar
que o poema cante em todas as idades
(que lindo!) no presente e no futuro o verbo amar.

Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal.

Que o poema seja encontro onde era despedida.
Que participe. Comunique. E destrua
para sempre a distância entre a arte e a vida.
Que salte do papel para a página da rua.

Que seja experimentado muito mais que experimental
que tenha ideias sim mas também pernas.
E até se partir uma não faz mal:
antes de muletas que de asas eternas.

Que o poema assalte esta desordem ordenada
que chegue ao banco e grite: abaixo a pança!
Que faça ginástica militar aplicada
e não vá como vão todos para França.

Que o poema fique. E que ficando se aplique
a não criar barriga a não usar chinelos.
Que o poema seja um novo Infante Henrique
voltado para dentro. E sem castelos.

Que o poema vista de domingo cada dia
e atire foguetes para dentro do quotidiano.
Que o poema vista a prosa de poesia
ao menos uma vez em cada anos.

Que o poema faça um poeta de cada
funcionário já farto de funcionar.
Ah que de novo acorde no lusíada
a saudade do novo o desejo de achar.

Que o poema diga o que é preciso
que chegue disfarçado ao pé de ti
e aponte a terra que tu pisas e eu piso.
E que o poema diga: o longe é aqui.

Manuel Alegre

7 comentários:

wind disse...

Fica com muito mais força ouvindo a voz do próprio autor:)
beijos

CORCUNDA disse...

Simplesmente bonito. Sem mais comentários.
Abraço.

Menina do Rio disse...

Eu até ia dizer algo, mas o poema falou por mim...

beijinhos

Mário Margaride disse...

Palavras para quê? Está tudo dito lá.

Bom Domingo

Abraço

avelaneiraflorida disse...

Com que outras palavaras se pode falar de poesia?

Bjks

Maria Romeiras disse...

Lindo e não conhecia. Obrigado. Vou reler. Um beijo.

Anônimo disse...

Bela escolha. Haja Cultura!
Um Abraço