quarta-feira, 4 de junho de 2008

GÉNESIS

Detalhe da Capela Sistina(1508-1512)
Miguel Angelo (1475-1564)

De mim não falo mais: não quero nada.
De Deus não falo: não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.

Nem de existir, que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver, que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.

Por mais justiça... -- Ai quantos que eram novos
em vão a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade... Ó transfusão dos povos!

Não há verdade: o mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais, todos mentiram.

Jorge de Sena nos 30 anos da sua morte
2 de Novembro de 1919 — 4 de Junho de 1978

3 comentários:

wind disse...

Bela homenagem.
Beijos

Anônimo disse...

Viva
quem sabe e nos propõe que leiamos o que merece ser lido;
não há verdade porque a verdade é.

avelaneiraflorida disse...

Amigo Papagueno,

sempre é importante recordar os poetas maiores da nossa vivência!!!
Também tinha olhado para este poema; acabei por postar um outro...
Mas todos belos!!!!

bjkas!!