terça-feira, 16 de outubro de 2007

HOMENAGEM A ADRIANO



Adriano Maria Correia Gomes de Oliveira nasceu em Avintes, em 9 de Abril de 1942, no seio de uma família tradicionalista católica. Tirou o curso do liceu no Porto. Em Avintes iniciou-se no teatro amador e foi co-fundador da União Académica de Avintes. Em 1959 rumou a Coimbra, onde estudou Direito, tendo sido repúblico na Real Repúbica Ras-Teparta. Foi solista no Orfeon Académico de Coimbra [1] e fez parte do Grupo Universitário de Danças e Cantares e do Círculo de Iniciação Teatral da Académica de Coimbra. Tocou guitarra no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica. No ano seguinte editou o primeiro EP acompanhado por António Portugal e Rui Pato. Em 1963 saiu o primeiro disco de vinil "Fados de Coimbra" que continha Trova do vento que passa, essa balada fundamental da sua carreira, com poema de Manuel Alegre, em consequência da sua resistência ao regime Salazarista, e que as suas movimentações levaram a gravar, foi o hino do movimento estudantil.





Além disso Adriano Correia de Oliveira tornou-se militante do PCP no início da década de 60. Em 1962, participou nas greves académicas e concorreu às eleições da Associação Académica, através da lista do Movimento de Unidade Democrática (MUD).

Em 1967 gravou o vinil "Adriano Correia de Oliveira" que entre outras canções tem Canção com lágrimas.

Quando lhe faltava uma cadeira para terminar o Curso de Direito, Adriano trocou Coimbra por Lisboa e trabalhou no Gabinete de Imprensa da Feira Industrial de Lisboa (FIL) e foi produtor da Editora Orfeu. Em 1969 editou "O Canto e as Armas" tendo todas as canções poesia de Manuel Alegre. Nesse mesmo ano ganhou o Prémio Pozal Domingues. No ano seguinte sai o disco de vinil "Cantaremos" e em 1971 "Gente d'Aqui e de Agora", que marca o primeiro arranjo, como maestro, de José Calvário, que tinha vinte anos. José Niza foi o principal compositor neste disco que precedeu um silêncio de quatro anos. É que Adriano recusou-se a enviar os textos à Censura.

Em 1975 lançou "Que Nunca Mais", com direcção musical de Fausto e textos de Manuel da Fonseca. Este vinil levou a revista inglesa Music Week a elegê-lo como "Artista do Ano".

Fundou a Cooperativa Cantabril e publicou o seu último álbum, "Cantigas Portuguesas", em 1980. No ano seguinte, numa altura em que a sua saúde já se encontrava degradada rompeu com a direcção da Cantabril e ingressou na Cooperativa Era Nova. Em 1982, com quarenta anos, num sábado, dia 16 de Outubro, morreu em Avintes, nos braços da mãe, vitimado por uma hemorragia esofágica.

Biografia: Wikipedia



A Fala do Homem Nascido


Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.

Só quero o que me é devido,
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.

Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr.

Tenho pressa de viver
que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder.


Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte,
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.

Não há ventos que não prestem,
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem
correntes que me detenham.

Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu.

Com licença com licença
que a barca se fez ao mar,
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar.


Não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar.
com licença com licença
com rumo à estrela polar.

António Gedeão

10 comentários:

RIC disse...

Bravo pelo Adriano e bravo pelo Gedeão!

«Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu.»

... Mais uma prova de que um grande poeta é um vidente...
Abraço! :-)

Verena Sánchez Doering disse...

querido amigo
desde el Blog lagrimas de Freyja te deje un regalo con mucho cariño para que lo pases a retirar por favor
muchos cariños y que estes muy bien
besitos


besos y sueños

João Roque disse...

Caro amigo
como sabes já havia postado sobre este assunto, e se o fiz na altura e não hoje, data do 25º.aniversário da sua morte, apenas isso se deve a ter querido divulgar o blog especialmente criado para o efeito das comemorações, que já se iniciaram há dias.
No entanto, é com muito agrado que aqui vejo a tua homenagem a este grande vulto da vida portuguesa dos anos 60/70.
E a escolha do poema de António Gedeão é muito oportuna.
Abraço.

wind disse...

Excelente homenagem!
Beijos

Alma Nova ® disse...

Excelente o Adriano, assim como excelente António Gedeão. Jokitas.

Gi disse...

Dois grandes que aqui deixas. Adriano nestes últimos dias tem estado um pouco por todo o lado. Sensibiliza este tipo de homenagem.Não sei se ele ligaria muito mas é sinal que mesmo tendo partido há muito ainda estava vivo em muitos de nós.

beijinho

avelaneiraflorida disse...

Acrescentar o quê...depois de tudo o que aqui nos deixas, Papagueno???

"BRIGADOS"!!!!!!


Bjks

Anônimo disse...

A trova do vento que passa não perdeu actualidade.
A voz de Adriano e o seu canto é um dos melhores frutos desta terra.

Obrigado Papagueno por no-lo recordares.

Menina do Rio disse...

Acho que quando fui pro outr blog, nos perdemos um pouco. Bom estar aqui contigo!

Hoje me vesti de Menina, vim te
trazer um beijo e te convidar
pra uma festa! Pelos bons tempos!

Um carinho e meu sorriso!

Maria del Sol disse...

Uma justíssima homenagem ao verdadeiro mentor do canto de intervenção. É sem dúvida um período artístico glorioso da história da música (e, porque não, da poesia, uma vez que as letras escritas pelos próprios musicos ou citadas de poetas são sempre de grande qualidade literária)e um legado inestimável para o futuro :)