quarta-feira, 28 de março de 2007

QUANDO EU MORRER


Quando morrer quero essas mãos nos meus olhos:
quero a luz e o trigo das tuas mãos amadas
passando uma vez mais em mim sua frescura:
sentir a suavidade que mudou meu destino.

Quero que vivas enquanto eu, dormindo, te espero,
quero que os teus ouvidos fiquem ouvindo o vento,
que cheires o aroma do mar que amamos ambos
e fiques pisando a areia que pisamos.

Quero que tudo o que amo fique vivo,
E a ti amei e cantei sobre todas as coisas,
Por isso fica tu florescendo, florida,
Para que alcances tudo o que este amor te
ordena,

Para que esta sombra corra o teu cabelo,
Para que assim conheçam a razão do meu
canto.

Pablo Neruda
Antologia Breve
tradução de Fernando Assis Pacheco
Foto: Paulo Fernando, Olhares.com

4 comentários:

wind disse...

Adoro o "meu" Pablito:)))
Só ele fazia poemas assim:)
beijos

Enfim... disse...

depois da morte é tudo uma incognita eu n exijo nada lol.Bjs

Maria Romeiras disse...

Gostei da imagem, da poesia e da música. Bairro bem cuidado... Um beijo.

Maçã de Junho disse...

Como diria Fausto:
Quando eu morrer não me dêem rosas...

beijo
maçã de Junho