sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

POESIA ENTRE O CAIS E O HOSPITAL


Geme no cais o navio cargueiro
No hospital ao lado, o homem enfermo.
O vento da noite recolhe gemidos
Une angústias do mundo ermo.
Maresia transborda do mar em cansaço,
Odor de remédios inunda o espaço.
Máquina e homem, ambos exaustos
Um, pela carga que pesa em seu bojo
Outro, na dor tomando o seu corpo.
Cais, hospital: Portos de espera
E começo de fim da longa viagem.
Chaminés de cargueiros gritando no mar,
Garganta do homem em gemidos no ar.
No fundo, o universo,
O mar infinito,
O céu infinito,
O espírito infinito.
Neblinados em tristezas e medos
Surgem silêncios entre os rochedos.
Chaminés de cargueiros gritando no mar
E a garganta do homem em gemidos no ar.

Adalgisa Nery
Foto: Olhares.com

14 comentários:

Maria Romeiras disse...

É mesmo assim... Ficam medos e tristezas e não passa tudo num dia. A sensação é de partidas e chegadas, muito bonito e muito sensível o poema descoberto. Fica a esperança de uma recuperação rápida e muitos sorrisos. Beijinhos.

Zé Povinho disse...

Tudo passa, e depressa nesta vida. Espero que o hospital sirva apenas para dar a alta, confirmando que está tudo fino.
Bfds
Abraço do Zé

avelaneiraflorida disse...

Amigo Papagueno,
a vida asseptica entre as paredes de um hospital dá-nos tempo para tudo...até para não pensar!!!!

Vá, Coragem!!!! Para que os dias se vençam e voltes recuperado!!!!!
Bjkas, amigo!!!

Lucidez a.k.a Teapot disse...

"Ao triunfo maior, avante pois!
O meu destino é outro - é alto e é raro.
Unicamente custa muito caro:
A tristeza de nunca sermos dois".

Bela imagem da Foz e de jogos de forças ou de exposição e vulnerabilidades.

Rápidas melhoras :)

Anônimo disse...

Contrariamente aos navios, não enferrujamos, apesar das doenças, e isso vê-se aqui.
Boa e rápida recuperação
Um abraço

Flash disse...

Esse cais...

Essa porta que ao oceano se abre desde esta minha cidade...
Escolhemos fotos do mesmo local para um post.
Tu aqui e eu naquele blog... "mais escondido".
Será a convalescença que nos leva à beira mar?

Abraço

wind disse...

Realista poema!
É tudo verdade, infelizmente.
Beijos
PS:Espero que estejas melhor:)

Kalinka disse...

FANTÁSTICO!!!

Mas que bela escolha a tua...

mesmo em convalescença a tua originalidade sobrepõe-se, és o máximo!
Gosto muito de ti.

Este poema diz tudo, espero que regresses a casa o mais rápido possível, assim poderás escrever a «poesia entre o hospital e a casa». Aguardo!

Beijo c/uma pitada de Esperança

papagueno disse...

Olá meus amigos, muito obrigado a todos os que me mandaram mensagens de amizade neste e no post anterior.
Já estou melhor, estou a recuperar em casa embora o pós operatório seja um pouco complicado. Por isso vou regressando aos pouquinhos ao vicio da blogosfera.
Abraços e beijos para todos.

Maria Faia disse...

Olá Papagueno,

Não conhecia a obra de Adalgisa Nery mas, pela amostra que nos deixas, abriste-me o apetite.

Um beijo amigo com votos de Bom Fim de Semana,

Maria Faia

Alma Nova ® disse...

Bem vindo!!!
Votos de uma rápida e completa recuperação.
Beijitos.

Miguel disse...

Força Amigo ...

Dentro de breve estás connosco a 100% ...!

Uma recuperação rápida ...!

Um abraço da M&M & Cª!

Mário Margaride disse...

Amigo papagueno:

Um excelente poema! A vida é mesmo assim meu amigo...espero que recuperes rápidamente.

Quero agradecer as palavras que deixaste no Canto poético.

Foi gratificante para mim a tua presença no meu cantinho, e comigo partilhares este momento, de mais um virar de página.
Espero estar aqui para o próximo ano, para comemorarmos com mais uma taça de champanhe, as 57 primaveras.

Um excelente semana!

Um abraço

ANTONIO DELGADO disse...

Tenho alguma animosidade com a poesia derivados a problemas de educação do tempo da outra senhora.Prefiro comentar a imagem que é sublime...por acaso foi o amigo que a fez?

Um abraço
Anónio