terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

AS HORAS EXTRAORDINÁRIAS


Foi a saudade do teu braço
e o olhar que já da luz me dói
trabalhei sem dar p´lo cansaço
horas extraordinárias, foi
um dia que passou num furacão
um furacão que se amainou, só
quando, aparte o amor
eu me vi só
atirando amoeda ao ar
diz-me que cara ou coroa
eu vou ganhar
diz-me quanto eu fiz bem
em me apostar
e que bem fiz em ter por necessárias
as horas extraordinárias

E assim que volto ao meu lugar
reencontro com dor e com prazer
o coração que fiz falar
à máquina de escrever, a ver
ela a dar corda à máquina de amar
e um coração a se amainar, só
quando aparte o amor
eu me vi só
atirando amoeda ao ar
diz-me que cara ou coroa
eu vou ganhar
diz-me quanto eu fiz bem
em me apostar
e que bem fiz em ter por necessárias
as horas extraordinárias

Sérgio Godinho
Imagem: Salvador Dali

8 comentários:

Abrenúncio disse...

Uma excelente conjugação da arte de Dali com a beleza das palavras do SG.
Saudações do Marreta.

wind disse...

Maravilha de post!
Letra, música e tela:)
Beijos

Mariazinha disse...

Lindo, tanto o poema como a tela!

Já agora,há uma farra blogosférica 29-02 não quer ir?

Um abraço

Belzebu disse...

E não é que o poema e a música do Sérgio se dão lindamente com a arte do Salvador Dali?

Excelente escolha!

Aquele abraço infernal!

Luís Galego disse...

o coração que fiz falar

é isso que o poema consegue...

avelaneiraflorida disse...

Vou repetir o que antes disseram:
associação PERFEITA!!!!
BRIGADOS!!!!!

Bjkas!

João Roque disse...

Mais uma vez, consegues unir duas personalidades, uma da pintura e outra da música, numa simbiose perfeita.
Abraço.

Gasolina disse...

Que falta me fazía um relógio de Dali... escorrer as horas para não dar conta delas passarem

Quanto ao Sérgio, só posso dizer que gosto e muito, letra e musica!

Beijinhos