quarta-feira, 30 de abril de 2008

AMIGOS


Ando há quatro anos pela blogosfera a fazer amigos. Em vários casos já tive a felicidade de passar da amizade virtual para a real. Como diz o Sérgio Godinho, um amigo é coisa que vale milhões, seja ele real ou virtual.
A Wind, que já é uma das mais antigas amigas aqui do Bairro decidiu conceder-me este belo selo de amizade que vou partilhar com todos os amigos que me visitam aqui no meu Bairro do Amor.

Foi-me oferecido a mim e agora é de todos vocês também.

Queria também deixar as minhas desculpas por não vos conseguir vistar e comentar tantas vezes como eu desejaria. Pior que tudo tenho tido muitos visitantes novos e ainda não tive oportunidade de retribuir a visita. A todos as minhas desculpas.

Dedicado à Wind e a todos vocês, um dos mais bonitos poemas sobre a amizade que eu conheço:


Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill

sábado, 26 de abril de 2008

PARA QUE NÃO HAJA DÚVIDAS


"Vão-se todos suicidar!"
Alberto João Jardim

Ganhe quem ganhar
o melhor mesmo
é aprender a nadar

A LIBERDADE ESTÁ A PASSAR POR AQUI...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O DIA EM QUE PORTUGAL RENASCEU



Depois da fome, da guerra
da prisão e da tortura
vi abrir-se a minha terra
como um cravo de ternura.

Vi nas ruas da cidade
o coração do meu povo
gaivota da liberdade
voando num Tejo novo.

José Carlos Ary dos Santos
"Portugal Ressuscitado"

CANTIGA DE ABRIL



Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
reinaram neste país,
a conta de tantos danos,
de tantos crimes e enganos,
chegava até à raiz.

Qual cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Tantos morreram sem ver
o dia do despertar!
Tantos sem poder saber
com que letras escrever,
com que palavras gritar!

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essa paz do cemitério
toda prisão e censura,
e o poder feito galdério,
sem limite e sem cautério,
todo embófia e sinecura.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando o ar puro.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essas guerras de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por política demente.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esse perder-se no mundo
o nome de Portugal,
essa amargura sem fundo,
só miséria sem segundo,
só desespero fatal.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios de ciganos,
entre mentira e maldade.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim altiva e nua
com força que não recua,
a verdade mais veraz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Jorge de Sena

quarta-feira, 23 de abril de 2008

AFECTOS ANIMAIS

Brincam

Aprendem


Namoram

Procuram calor

Têm ternura


Beijam

Constroem um lar


Um novo blogue de uma amiga que adora animais.

terça-feira, 22 de abril de 2008

DIA DA TERRA

Hoje é o dia de pensar, que todos os dias, temos que fazer algo para proteger o planeta.

Que importancia terá a economia quando todos os recursos se esgotarem?

"Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar... "

Alberto Caeiro

sexta-feira, 18 de abril de 2008

THE CARNY


É já na próxima segunda-feira e o vosso amigo Papagueno vai estar por lá.

And no-one saw the carny go
And the weeks flew by
Until they moved on the show
Leaving his caravan behind
It was parked out on the south east ridge
And as the company crossed the bridge
With the first rain filling the bone-dry river bed
It shone, just so, upon the edge

Dog-boy, atlas, half-man, the geeks, the hired hands
There was not one among them that did not cas an eye behind
In the hope that the carny would return to his own kind

And the carny had a horse, all skin and bone
A bow-backed nag, that he named "sorrow"
How it is buried in a shallow grave
In the then parched meadow

And the dwarves were given the task of digging the ditch
And laying the nag's carcass in the ground
And boss Bellini, waving his smoking pistol around
saying "The nag is dead Meat"
"We caint afford to carry dead weight"
The whole company standing about
Not making a sound
And turning to dwarves perched on the enclosure gate
The boss says "Bury this lump of crow bait"

And thean the rain came
Everybody running for their wagons
Tying all the canvas flaps down
The mangy cats crowling in ther cages
The bird-girl flapping and squawking around
The whole valley reeking of wet beast
Wet beast and rotten hay
Freak and brute creation
Packed up and on their way

The three dwarves peering from their wagon's hind
Moses says to Noah "We shoulda dugga deepa one"
Their grizzled faces like dying moons
Still dirty from the digging done

And as the company passed from the valley
Into a higher ground
The rain beat on the ridge and on the meadow
And on the mound

Until nothing was left, nothing at all
Except the body of sorrow
That rose in time
To float upon the surface of the eaten soil

And a murder of crows did circle round
First one, then the others flapping blackly down

And the carny's van still sat upon the edge
Tilting slowly as the firm ground turned to sludge

And the rain it hammered down

And no-one saw the carny go
I say it's funny how things go

Nick Cave & The Bad Seeds

quinta-feira, 17 de abril de 2008

LEÃOZINHO


gosto muito de te ver leãozinho
caminhando sob o sol
gosto muito de você leãozinho
para desentristecer leãozinho
o meu coração tão só
basta eu encontrar você no caminho

um filhote de leão raio da manhã
arrastando o meu olhar como um ímã
o meu coração é o sol pai de toda cor
quando ele lhe doura a pele ao léu


gosto de te ver ao sol leãozinho
de te ver entrar no mar
tua pele tua luz tua juba
gosto de ficar ao sol leãozinho
de molhar minha juba
de estar perto de você e entrar numa

Caetano Veloso

domingo, 13 de abril de 2008

PORQUE HOJE É DIA DO BEIJO


Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a vida exprimir-se sem disface!

José Régio
Imagem: Henri de Toulouse-Lautrec

sábado, 12 de abril de 2008

O LAGO DOS CISNES


Un cygne qui s'était évadé de sa cage,
Et, de ses pieds palmés frottant le pavé sec,
Sur le sol raboteux traînait son blanc plumage.
Près d'un ruisseau sans eau la bête ouvrant le bec

Baignait nerveusement ses ailes dans la poudre,
Et disait, le coeur plein de son beau lac natal:
"Eau, quand donc pleuvras-tu? quand tonneras-tu, foudre?"
Je vois ce malheureux, mythe étrange et fatal,

Vers le ciel quelquefois, comme l'homme d'Ovide,
Vers le ciel ironique et cruellement bleu,
Sur son cou convulsif tendant sa tête avide,
Comme s'il adressait des reproches à Dieu!

Baudelaire, excerto de "O Cisne"



A Beleza

Eu sou bela, ó mortais! como um sonho de pedra,
E meu seio, onde todos vem buscar a dor,
É feito para ao poeta inspirar esse amor
Mudo e eterno que no ermo da matéria medra.

No azul, qual uma esfinge, eu reino indecifrada;
Conjugo o alvor do cisne a um coração de neve;
Odeio o movimento e a linha que o descreve,
E nunca choro nem jamais sorrio a nada.

Os poetas, diante do meu gesto de eloquência,
Aos das estátuas mais altivas semelhantes,
Terminarão seus dias sob o pó da ciência;

Pois que disponho, para tais dóceis amantes,
De um puro espelho que idealiza a realidade.
O olhar, meu largo olhar de eterna claridade!

Baudelaire



A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!

Júlio Salusse
Poeta brasileiro(1872-1948)



O cisne, quando sente ser chegada
A hora que põe termo a sua vida,
Música com voz alta e mui subida
Levanta pela praia inabitada.

Deseja ter a vida prolongada
Chorando do viver a despedida;
Com grande saudade da partida,
Celebra o triste fim desta jornada.

Assim, Senhora minha, quando via
O triste fim que davam meus amores,
Estando posto já no extremo fio,

Com mais suave canto e harmonia
Descantei pelos vossos desfavores
La vuestra falsa fé y el amor mio.

Luís Vaz de Camões

Fotos: Dirk Vermeirre

quarta-feira, 9 de abril de 2008

GREEN GRASS OF TUNNEL


Que bom sonhar com contos de fadas, voar por mares gelados e trepar pelas cores da aurora.

sábado, 5 de abril de 2008

EPÍSTOLA PARA OS MEUS MEDOS

Sois: os sons roucos, a espera vã, uma perdida imagem.
O coração suspende o seu hálito e os lábios tremem
sinto-vos, vindes ao rés da terra, como ventos baixos,
poisais no peitoril. Sois muito antigos e jovens,
da infância em que por vós chorava encostada a um rosto.
Que saudade eu tenho, ó escuridão no poço,
ó rastejar de víboras nos caniços, ó vespa
que, como eu, degustaste o figo úbere.
Depois, mundo maior foi a presença e a ausência,
a alegria e as dores de outros que não eu.
E um dia, no alto da catedral de Gaudí,
chorei de horror da Queda, como os caídos anjos.

Fiama Hassa Pais Brandão
Fotografia: Papagueno

sexta-feira, 4 de abril de 2008

ESTRANHO

Entre os meus velhos fantasmas, sinto-me um estranho.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

APRIL IN PARIS



"I never knew the charm of spring
Never met it face to face
I never new my heart could sing
Never missed a warm embrace

'Til April in Paris
Whom can I run to
What have you done to
My heart..."

Letra: Yip Harburg
Música: Vernon Duke

Meus amigos, não fazia idéia que só ouviam 30 seg. da música pois no meu PC ela está completa. É com muita pena minha pois esta versão da canção é lindíssima.

CONTOS DE FADAS


Felizes dos adultos que nunca deixaram morrer a criança dentro de si. Felizes dos adultos que ainda acreditam em fadas.

O PEIXE

Cá fora a tarde estava maravilhosa e fresca. A brisa dançava com as ervas dos campos. Ouviam-se pássaros a cantar. O ar parecia cheio de poeira de oiro.
Oriana foi pela floresta fora, correndo, dançando e voando, até chegar ao pé do rio. Era um rio pequenino e transparente, quase um regato; nas suas margens cresciam trevos, papoilas e margaridas. Oriana sentou-se entre as ervas e as flores a ver correr a água. De repente ouviu uma voz que a chamava:
- Oriana, Oriana.
A fada voltou-se e viu um peixe a saltar na areia.
- Salva-me, Oriana - gritava o peixe. - Dei um salto atrás de uma mosca e caí fora do rio.
Oriana agarrou no peixe e tornou a pô-lo na água.
- Obrigado, muito obrigado - disse o peixe, fazendo muitas mesuras. - Salvaste-me a vida e a vida de um peixe é uma vida deliciosa. Muito obrigado, Oriana. Se precisares de alguma coisa de mim lembra-te que eu estou sempre às tuas ordens.
- Obrigado - disse Oriana - agora não preciso de nada.
- Mas lembra-te da minha promessa. Nunca esquecerei que te devo a vida. Pede-me tudo o que quiseres. Sem ti eu morreria miseravelmente asfixiado entre os trevos e as margaridas.
A minha gratidão é eterna.
- Obrigado - disse a fada.
- Boa tarde, Oriana. Agora tenho de ir embora, mas quando quiseres vem ao rio e chama por mim.
E com muitas mesuras o peixe despediu-se da fada.
Oriana ficou a olhar para o peixe, muito divertida porque era um peixe muito pequenino, mas com um ar muito importante.
E quando assim estava a olhar para o peixe viu a sua cara reflectida na água. O reflexo subiu do do fundo do regato e veio ao seu encontro com um sorriso na boca encarnada. E Oriana viu os seus olhos azuis como safiras, os seus cabelos loiros como as searas, a sua pele branca como lírios e as suas asas cor do ar, claras e brilhantes.
- Mas que bonita que eu sou - disse ela. Sou linda. Nunca tinha pensado nisto. Nunca me tinha lembrado de me ver! Que grandes são os meus olhos, que fino que é o meu nariz, que doirados que são os meus cabelos! Os meus olhos brilham como estrelas azuis, o meu pescoço é alto e fino como uma torre. Que esquisita que a vida é! Se não fosse este peixe que saltou para fora da água para apanhar a mosca eu nunca me teria visto. As árvores, os animais e as flores viam-me e sabiam como sou bonita. Só eu é que nunca me via!

Excerto de "A Fada Oriana"
Sophia de Mello Breyner Andresen

DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL


Foi no dia 2 de Abril de 1805 que nasceu o poeta e escritor de contos infantis, Hans Christian Anderson. Por esta razão, foi instituido em 1967, o Dia Internacional do Livro Infantil.