Olhos negros, que da alma sois senhores
Duvido com razão desse atributo,
Que é muito, que quem mata, traga o luto,
E é muito ver na noite resplendores:
Se de negros, meus olhos, tendes cores,
Como as almas vos dão hoje tributo.
Quem viu que os negros com rigor astuto
Os brancos prenda com grilhões traidores.
Mas ah, que foi discreta providência
O fazê-lo da cor da minha sorte,
Por não sentir rigor tão desabrido.
Para que veja assim toda a prudência
Que foi prodígio grande, e pasmo forte,
Em duas noites ver o Sol partido.
Francisco de Vasconcelos (1655-1723)
O Triunfo de Baco, Los Borrachos 1629
Diego Velasquez (1599 - 1660)
S. Sebastião assistido por Irene(1628)
Jusepe de Ribera(1591-1652)
Peter Paul Rubens(1577-1640)
Serei eu alguma hora tão ditoso,
Que os cabelos, que amor laços fazia,
Por prémio de o esperar, veja algum dia
Soltos ao brando vento buliçoso?
Verei os olhos, donde o sol formoso
As portas da manhã mais cedo abria,
Mas, em chegando a vê-los, se partia
ou cego, ou lisonjeiro, ou temeroso?
Verei a limpa testa, a quem a Aurora
Graça sempre pediu? E os brancos dentes,
Por quem trocara as pérolas que chora?
Mas que espero de ver dias contentes,
Se para se pagar de gosto uma hora,
Não bastam mil idades diferentes?
D. Francisco Manuel de Melo(1608-1666)
Bartolomé Murillo(1618-1682)
Fuga para o Egipto(1609)
Adam Elsheimer(1578-1610)
Venus Assistida Pelas Suas Ninfas e Cupidos(1633)
Francesco Albani(1578-1660)
Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...
Tão tirana e desigual
Sustenta sempre a vontade,
Que a quem lhes quer de verdade
Confessam que querem mal;
se Amor para elas não val,
Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...
Se algumas tem afeição
Há-de ser a quem lha nega,
Porque nenhuma se entrega
Fora desta condição;
Não lhe queiras, coração,
E, senão, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...
São tais, que é melhor partido
Para obrigá-las e tê-las,
Ir sempre fugindo delas,
Que andar por elas perdido;
E pois o tens conhecido,
Coração, que mais lhe queres?
Que, em fim, todas as mulheres!
Francisco Rodrigues Lobo (1579-1621)
7 comentários:
Com uma tão sublime música, nem eram precisas telas, nem palvras enroladas em poemas, mas afinal tudo está aqui...
Abraço.
3 em 1:)
Espectaculares música, sonetos e pinturas.
Parabéns pelo excelente post:)
Beijos
Este poema é engraçadissimo, e além disso, bastante verdadeiro, no seu ponto de vista.
beijo Colares
E vou chegar atrasada, mas a razão é tão boa... Belíssima escolha de pintura, de palavras, de ambiente. Caravaggio, sobretudo, sempre Caravaggio, o menino rebelde, as telas eternas. Dia de luz barroca por aqui, dia de sol lá fora. Vou sair a pensar nas palavras que lançaste.
Há posts que são estados de espírito.
Beijinho*
Poemas e sonetos que eu não conhecia. Imagens que falam por si. Excelente escolha!
Um beijo
Amigo Papagueno,
e o mundo barroco tem tanto para nos deliciar!!!!
Uma selecção possível entre tantas maravilhas!!!!Vale a pena entrar neste mundo!!!
Bjkas!
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