terça-feira, 17 de junho de 2008
GOSTO DO CÉU
Gosto do céu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d'isso há absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e tem um fim,
E que antes e depois d'isso não havia tempo.
Porque há-se ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubéssemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é um quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas
Alberto Caeiro
[Poema inédito, sem data, transcrito por Jerónimo Pizarro]
Contido na edição de 13 de Junho de 2008 do Jornal Público, por ocasião dos 120 anos do nascimento de Fernando Pessoa.
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6 comentários:
O princípio e o fim fazem parte de quase todas as religiões. O escritor aborda o tema nesta precisa vertente, em que a eternidade não é humanamente compreensível, mas sim um acto de fé . O céu para ele é a vida de onde se pode extrair o melhor, e esta não sendo infinita mantém limitado céu que lhe dá prazer.
Cumps
Olá Amigo
Vi cá por vários motivos:
1º - convido-te a vir espreitar uma associação desconhecida de muita gente e tantos lugares que merecem ser visitados , não só pela sua beleza, mas também pela preocupação em preservar o ambiente.
2º - dar-te os Parabéns, pela tua escolha, sempre perfeita e agradável.
3º - queres dar um passeio aos glaciares nas tuas férias de Verão?
Vem aos meus Momentos Perfeitos e vê, ficas com uma ideia...
Deixo-te um abraço com saudades.
E eu que acredito em infinitos, ainda mais quando o leio. Incoerências... Muito belo. Beijinhos, um dia bom.
Concordo com Alberto Caeiro:)
Beijos
Sim, Fernando, o MAGO DO VERBO!
Embora hajam modos de lá chegar sem tanto falar. Se é que me faço entender?
PS: Sou totalmente gémea de Fernando Pessoa...
Tendo é a tentar, não sendo genial, a não percorrer o seu caminho.
pois eu acredito no infinito porque nunca consegui alcançar o sítio oinde o arco-íris assenta na tera, apesar de ter tentado.
E se eu semeasse uma flor mesmo no limite do finito, para onde é que ela crescia?
o ver não é o crer, nem vice-versa;
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