quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
CONTEM COMIGO!
Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal.
Nós, que até agora compactuámos com esta condição, estamos aqui, hoje, para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa do país. Estamos aqui, hoje, porque não podemos continuar a aceitar a situação precária para a qual fomos arrastados. Estamos aqui, hoje, porque nos esforçamos diariamente para merecer um futuro digno, com estabilidade e segurança em todas as áreas da nossa vida.
Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza – políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável.
Caso contrário:
a) Defrauda-se o presente, por não termos a oportunidade de concretizar o nosso potencial, bloqueando a melhoria das condições económicas e sociais do país. Desperdiçam-se as aspirações de toda uma geração, que não pode prosperar.
b) Insulta-se o passado, porque as gerações anteriores trabalharam pelo nosso acesso à educação, pela nossa segurança, pelos nossos direitos laborais e pela nossa liberdade. Desperdiçam-se décadas de esforço, investimento e dedicação.
c) Hipoteca-se o futuro, que se vislumbra sem educação de qualidade para todos e sem reformas justas para aqueles que trabalham toda a vida. Desperdiçam-se os recursos e competências que poderiam levar o país ao sucesso económico.
Somos a geração com o maior nível de formação na história do país. Por isso, não nos deixamos abater pelo cansaço, nem pela frustração, nem pela falta de perspectivas. Acreditamos que temos os recursos e as ferramentas para dar um futuro melhor a nós mesmos e a Portugal.
Não protestamos contra as outras gerações. Apenas não estamos, nem queremos estar à espera que os problemas se resolvam. Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela.
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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
24 ANOS DE SAUDADE
Mais do que nunca devemos acreditar em utopias
Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo mas irmão
Capital da alegria
Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
E teu a ti o deves
lança o teu
desafio
Homem que olhas nos olhos
que nao negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
"I WAS PERFECT"
THE BLACK SWAN
Há poucas semanas fiz uma pequena apresentação sobre Cinema Surrealista no âmbito da Cadeira de História da Arte. Foi pena não ter visto antes o Cisne Negro de Darren Aronofsky pois é um filme que está plenamente integrado no tema discutido. Para quem conhece o cinema de Aronofsky é fácil distinguir esta dualidade entre corpo e mente, que habitualmente conduz à autodestruição; assim foi com “The Wrestler” (2008), filme que ressuscitou a carreira de Mickey Rourque, e assim terá sido também em Requiem for a Dream (2000), para mim, o melhor Aronofsky antes de ver o Cisne Negro.
Em o Cisne Negro Natalie Portman é Nina, uma jovem bailarina obcecada pelo papel principal numa nova produção de o Lago dos Cisnes de Tchaikovsky (1840-1893). Para quem conhece a magnífica obra do compositor russo; Odette, a Rainha dos Cisnes é na verdade uma jovem princesa, que sob o feitiço do maléfico mago Rothbart, é transformada num belíssimo cisne branco, podendo apenas retomar a sua verdadeira forma humana durante a noite. Entretanto conhece Siegfried, belo príncipe que caçava por aquela zona, e ambos se apaixonam. Sabendo que apenas o amor verdadeiro poderia quebrar o feitiço, Siegfried promete declarar o seu amor a Odília durante o baile nessa mesma noite. No entanto no momento do baile o príncipe é iludido pelo feiticeiro, e na verdade dança com a sua filha, Odília; O Cisne Negro. Enquanto Odette é paixão, emoção e fragilidade, Odília é fogo e sedução, como se fosse a outra face de Odette.
Ao descobrir o engano, Siegfried percebe que já é impossível inverter o feitiço. Assim os amantes frustrados decidem suicidar-se afogar-se no próprio lago.
Na produção de o Lago dos Cisnes, a Rainha do Lago é o papel mais importante; aquele que todas as bailarinas almejam. Nina, na sua beleza, timidez e fragilidade é o Cisne Branco em toda a sua perfeição. No entanto é demasiado controlada, falta-lhe a espontaneidade natural para interpretar o Cisne Negro. Thomas Leroy (Vincente Cassel) é o coreografo e director da companhia, que lhe diz que ela deve soltar todo o seu lado negro para conseguir fazer a transmutação do seu cisne branco para o negro. Porém para Nina não basta ser a Rainha dos Cisnes, ela tem que ser perfeita em tudo, só assim poderá assegurar o papel como bailarina principal da companhia. Porém a competição pelo lugar é feroz, e Nina não tarda em ver em Lily (Mila Kunis) a sua grande rival. Esta é uma jovem bailarina acabada de chegar à companhia e tem tudo o que Nina não tem; é despreocupada, não tem obsessão pela perfeição nem uma mãe excessivamente controladora. Deste modo consegue soltar-se e ser o Cisne Negro perfeito, aquele que deve seduzir e enganar o príncipe. Por outro lado há a relação com a mãe, o caso típico da bailarina que nunca passou da vulgaridade e deseja ver espelhado na própria filha o sucesso que ela nunca alcançou. É essa obsessão pela perfeição do seu cisne negro que a leva a uma transmutação, Nina começa-se a soltar, a tentar livrar da hiper-protecção maternal. O problema é que o lado negro que ela deve despertar foi o mesmo que levou à autodestruição de Beth (Winona Ryder), a antiga estrela da companhia e ex-preferida de Thomas. É esse lado negro da sua mente que a vai começar a dominar até ao ponto de não conseguir destrinçar mais a realidade da ficção.
É exactamente neste ponto da exploração da mente de Nina, que na ânsia de se livrar da sua própria realidade, ela deixa de conseguir destrinçar entre o real e o imaginário.
Posso falar dos pormenores do filme e do argumento, que na minha opinião é excelente. Não esquecer que se trata de um filme de ficção, que tem por pano de fundo um bailado, e não uma adaptação cinematográfica desse mesmo bailado. Vou deixar os pormenores técnicos para os peritos em dança, no entanto adorei ver certos detalhes, que decerto fazem parte da vida de qualquer bailarino; como a transformação das próprias sapatilhas, da alteração das palmilhas, de certo para melhor se adaptarem aos pés.
É claro que O Cisne negro é uma das grandes obras do um grande filme, porém penso que nunca ficaria completo sem conhecer o resto da obra do realizador: Pi (1998); Requiem for a Dream (2000), O Último Capítulo (2006) e o Wrestler (2088). Em todos eles há um certo conflito entre a mente e o corpo; quando muitas vezes o poder da mente tem que ultrapassar as limitações do próprio corpo.
Há poucas semanas fiz uma pequena apresentação sobre Cinema Surrealista no âmbito da Cadeira de História da Arte. Foi pena não ter visto antes o Cisne Negro de Darren Aronofsky pois é um filme que está plenamente integrado no tema discutido. Para quem conhece o cinema de Aronofsky é fácil distinguir esta dualidade entre corpo e mente, que habitualmente conduz à autodestruição; assim foi com “The Wrestler” (2008), filme que ressuscitou a carreira de Mickey Rourque, e assim terá sido também em Requiem for a Dream (2000), para mim, o melhor Aronofsky antes de ver o Cisne Negro.
Em o Cisne Negro Natalie Portman é Nina, uma jovem bailarina obcecada pelo papel principal numa nova produção de o Lago dos Cisnes de Tchaikovsky (1840-1893). Para quem conhece a magnífica obra do compositor russo; Odette, a Rainha dos Cisnes é na verdade uma jovem princesa, que sob o feitiço do maléfico mago Rothbart, é transformada num belíssimo cisne branco, podendo apenas retomar a sua verdadeira forma humana durante a noite. Entretanto conhece Siegfried, belo príncipe que caçava por aquela zona, e ambos se apaixonam. Sabendo que apenas o amor verdadeiro poderia quebrar o feitiço, Siegfried promete declarar o seu amor a Odília durante o baile nessa mesma noite. No entanto no momento do baile o príncipe é iludido pelo feiticeiro, e na verdade dança com a sua filha, Odília; O Cisne Negro. Enquanto Odette é paixão, emoção e fragilidade, Odília é fogo e sedução, como se fosse a outra face de Odette.
Ao descobrir o engano, Siegfried percebe que já é impossível inverter o feitiço. Assim os amantes frustrados decidem suicidar-se afogar-se no próprio lago.
Na produção de o Lago dos Cisnes, a Rainha do Lago é o papel mais importante; aquele que todas as bailarinas almejam. Nina, na sua beleza, timidez e fragilidade é o Cisne Branco em toda a sua perfeição. No entanto é demasiado controlada, falta-lhe a espontaneidade natural para interpretar o Cisne Negro. Thomas Leroy (Vincente Cassel) é o coreografo e director da companhia, que lhe diz que ela deve soltar todo o seu lado negro para conseguir fazer a transmutação do seu cisne branco para o negro. Porém para Nina não basta ser a Rainha dos Cisnes, ela tem que ser perfeita em tudo, só assim poderá assegurar o papel como bailarina principal da companhia. Porém a competição pelo lugar é feroz, e Nina não tarda em ver em Lily (Mila Kunis) a sua grande rival. Esta é uma jovem bailarina acabada de chegar à companhia e tem tudo o que Nina não tem; é despreocupada, não tem obsessão pela perfeição nem uma mãe excessivamente controladora. Deste modo consegue soltar-se e ser o Cisne Negro perfeito, aquele que deve seduzir e enganar o príncipe. Por outro lado há a relação com a mãe, o caso típico da bailarina que nunca passou da vulgaridade e deseja ver espelhado na própria filha o sucesso que ela nunca alcançou. É essa obsessão pela perfeição do seu cisne negro que a leva a uma transmutação, Nina começa-se a soltar, a tentar livrar da hiper-protecção maternal. O problema é que o lado negro que ela deve despertar foi o mesmo que levou à autodestruição de Beth (Winona Ryder), a antiga estrela da companhia e ex-preferida de Thomas. É esse lado negro da sua mente que a vai começar a dominar até ao ponto de não conseguir destrinçar mais a realidade da ficção.
É exactamente neste ponto da exploração da mente de Nina, que na ânsia de se livrar da sua própria realidade, ela deixa de conseguir destrinçar entre o real e o imaginário.
Posso falar dos pormenores do filme e do argumento, que na minha opinião é excelente. Não esquecer que se trata de um filme de ficção, que tem por pano de fundo um bailado, e não uma adaptação cinematográfica desse mesmo bailado. Vou deixar os pormenores técnicos para os peritos em dança, no entanto adorei ver certos detalhes, que decerto fazem parte da vida de qualquer bailarino; como a transformação das próprias sapatilhas, da alteração das palmilhas, de certo para melhor se adaptarem aos pés.
É claro que O Cisne negro é uma das grandes obras do um grande filme, porém penso que nunca ficaria completo sem conhecer o resto da obra do realizador: Pi (1998); Requiem for a Dream (2000), O Último Capítulo (2006) e o Wrestler (2088). Em todos eles há um certo conflito entre a mente e o corpo; quando muitas vezes o poder da mente tem que ultrapassar as limitações do próprio corpo.
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REGRESSO
Meus amigos, estou de volta, por quanto tempo, não sei, mas regressei para ir publicando mais algumas coisinhas, que como de costume versarão os temas da arte, da poesia e da cultura.
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