quarta-feira, 4 de novembro de 2009
CLAUDE LÉVI-STRAUSS
Um dos maiores nomes de sempre da antropologia moderna faleceu sexta-feira a poucas semanas de completar 101 anos.
Já não há nada para descobrir à face da Terra, o planeta onde, quando nasceu Claude Lévi-Strauss, há quase 101 anos (cumpri-los-ia no dia 28), viviam dois mil milhões de pessoas, e agora é habitado por mais de seis mil milhões. "Para mim, isso representa qualquer coisa de catastrófico", disse ao PÚBLICO em 1999. O antropólogo francês que foi uma das maiores figuras intelectuais do século XX morreu no domingo, foi ontem anunciado.
Tristes Trópicos (Edições 70), o seu livro mais lido, ajudou-o a transcender as fronteiras da Antropologia enquanto ciência e deu-lhe créditos como escritor. Escreveu-o em 1955, já distante das expedições à selva amazónica, entre 1935 e 1939, quando entrou em contacto com tribos que a civilização branca europeia começava a conhecer. Falava do que viveu entre Cadiueus, Bororos, Nambiquaras e Tupi-Cavaíbas e dos seus sentimentos.
"Lévi-Strauss teve sobre mim uma influência considerável. Uma das suas lições foi suprimir do nosso vocabulário a palavra "selvagem"", comentou o escritor francês Michel Tournier, citado pela revista Nouvel Observateur no ano passado, quando o antropólogo comemorou 100 anos de vida (nasceu em Bruxelas, mas era francês).
"Ao fazer-nos compreender e partilhar a singularidadde dos primeiros povos, Lévi-Strauss rompeu com uma visão etnocêntrica da história da humanidade", disse ontem Bernard Kouchner, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, e antes disso médico famoso pelo seu trabalho humanitário internacional.
Era conhecido como "o Papa do Estruturalismo", uma corrente de pensamento com raízes na linguística. Usou este método para estudar a mitologia, os sistemas de parentesco nas sociedades primitivas - os "primeiros povos" de que fala Kouchner - ou a preparação da comida.
"O Estruturalismo é um método que vale sempre", frisou o filósofo português José Gil à agência Lusa. Esta corrente de pensamento "continua válida enquanto método".
Judeu da Alsácia, de uma família culta mas com pouco dinheiro, onde a arte e a pintura estavam muito presentes, estudou Direito e Filosofia, apaixonou-se pelo marxismo em adolescente. Mas optou pela Filosofia.
Encontrou a Etnologia num livro de Robert Lowie (especialista no estudo dos índios americanos). Foi essa paixão que lhe valeu um convite para ir ensinar para São Paulo, o que lhe possibilitou as viagens à Amazónia.
Passou a Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos. Lá, teve de mudar de nome: passou a ser o professor Claude L. Strauss. Por causa da marca das calças de ganga, disseram-lhe...
Mas foi a partir de 1955, já em França, que Tristes Trópicos lhe deu fama mundial. Relato de viagem de pendor iniciático, obra filosófica e literária também, tornou-se numa das referências da literatura do século XX, dizia ontem o jornal Libération.
Em dois discursos que foi convidado a fazer na ONU, Raça e História e Raça e Cultura (1952 e 1971), arrasa as pretensões científicas do racismo. Na década de 60, dedicou-se à análise comparativa das mitologias, demonstrando a sua estrutura comum - outra parte da sua obra de influência duradoura. Era um dos últimos grandes intelectuais franceses - "o último dos gigantes", chamou-lhe a Nouvel Observateur.
Notícia: http://www.publico.clix.pt/Mundo/morreu-claude-levistrauss_1408137
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Estudei algo de antropologia e a ele e adorei!
Deixou obra!
Beijos
Meu nome é RAFAELA e
estou fazendo um trabalho para faculdade sobre Strauss, gostaria de saber mais sobre ele.
Será que você pode me ajudar?
meu email:
byrafinha_00@hotmail.com
abraço
e obrigada desde já
Postar um comentário