sábado, 2 de agosto de 2008

O BELO E O GROTESCO

The Death and Life (1916)
Gustave Klimt (1862-1918)

A propósito do artigo do Ludovicus e da respectiva Sugestão de leitura:

"Será que podemos viver sem o belo?"

Claro que não, o homem precisa do belo, assim como precisa do ar para respirar. Ele está por todo o lado: Na arte, na simples nudez de um corpo, no filme ou na canção que nos fez rir, chorar ou sonhar.

Íncubo (1781)
Johann Heinrich Füssli aka Henry Fuseli (1741-1825)

Mas será que o belo poderia existir sem o grotesco?

Que seria do mundo sem o feio? Será que conseguiríamos apreciar a verdadeira beleza das coisas?

Ilha dos Mortos (1886)
Arnold Böcklin (1827-1901)


Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho,
Onde esperei morrer, - meus tão castos lençóis?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?

Quem quebrou (que furor cruel e simiesco!)
A mesa de eu cear - tábua tosca de pinho?
E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho?
- Da minha vinha o vinho acidulado e fresco...

Ó minha pobre mãe!... Não te ergas mais da cova,
Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.

Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais.
Alma da minha mãe... Não andes mais à neve,
De noite a mendigar às portas dos casais.

Camilo Pessanha

7 comentários:

Anônimo disse...

parece que a nossa compreens�o � limitada pela dualidade:simxn�o, verdadeiroxfalso, feioxbelo, vidaxmorte, diaxnoite, dionisosxapolo...
algumas manifesta�es art�sticas conseguem invocar e evocar essa situa�o:
um abra�o

wind disse...

Se não existisse o feio, não se sabia o que era o belo.
Bom post!:)
Beijos

Zé Povinho disse...

Os conceitos de beleza, felizmente, variam de indivíduo para indivíduo, e a dualidade é apenas, quase só um conceito pessoal. Ainda bem que todos somos diferentes, que assim gostamos também de coisas diferentes...
Bom domingo
Abraço do Zé

Anônimo disse...

Os Simbolistas eram uma malta muito interessante. Já para não dizer precursora (sem Pessanha, Pessoa nunca teria existido). E gosto muito do Böcklin. Abraço!

Gasolina disse...

O homem sempre se encontrou nos opostos, sempre precisou dessas duas tabelas extremadas para saber escolher e opinar.

Na verdade esse "caos" da sensibilidade traz equilibrio ao mundo.

Um beijo

Ana Mandillo disse...

Lembrando, que foi Zeus que resolveu, ter as Musas com Mnémozine( Deusa da memória) para que todos os seres humanos, entendessem que todas as artes se encadeiam.....
A Arte alimenta a alma!

bjs

lady.bug disse...

coisas bonitas com que nos presenteias!
e o belo...
é como o doce, que é mais doce uma vez existindo o amargo

beijos