sexta-feira, 13 de novembro de 2009

MEMÓRIA DA NOITE - NON NOS HUMILLAREDES NUNCA MAIS!





Madrugada, o porto adormeceu, amor,
a lúa abanea sobre as ondas
piso espellos antes de que saia o sol
na noite gardei a túa memoria.

Perderei outra vez a vida
cando rompa a luz nos cons,
perderei o día que aprendín a bicar
palabras dos teus ollos sobre o mar,
perderei o día que aprendín a bicar
palabras dos teus ollos sobre o mar.

Veu o loito antes de vir o rumor,
levouno a marea baixo a sombra.
Barcos negros sulcan a mañá sen voz,
as redes baleiras, sen gaivotas.

E dirán, contarán mentiras
para ofrecerllas ao Patrón:
quererán pechar cunhas moedas, quizais,
os teus ollos abertos sobre o mar,
quererán pechar cunhas moedas, quizais,
os teus ollos abertos sobre o mar.

Madrugada, o porto despertou, amor,
o reloxo do bar quedou varado
na costeira muda da desolación.
Non imos esquecer, nin perdoalo.

Volverei, volverei á vida
cando rompa a luz nos cons
porque nós arrancamos todo o orgullo do mar,
non nos afundiremos nunca máis
que na túa memoria xa non hai volta atrás:
non nos humillaredes NUNCA MÁIS.

Luar Na Lubre

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

LAZARUS



Fiz esta pequena brincadeira, aproveitando o riquíssimo universo gráfico desta banda, para celebrar o seu regresso ao nosso país.
PORCUPINE TREE:
Dia 20 de Novembro na Incrível Almadense
Dia 21 de Novembro no Teatro Sá da Bandeira no Porto.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SKUNK ANANSIE



Nove anos depois, ela não envelheceu nem um dia, e está ainda mais explosiva.
Um grande concerto!
Hoje à noite à mais no Porto.

Para recordar, "Secretly" de "Post Orgasmic Chill", 1999.

CLAUDE LÉVI-STRAUSS


Um dos maiores nomes de sempre da antropologia moderna faleceu sexta-feira a poucas semanas de completar 101 anos.


Já não há nada para descobrir à face da Terra, o planeta onde, quando nasceu Claude Lévi-Strauss, há quase 101 anos (cumpri-los-ia no dia 28), viviam dois mil milhões de pessoas, e agora é habitado por mais de seis mil milhões. "Para mim, isso representa qualquer coisa de catastrófico", disse ao PÚBLICO em 1999. O antropólogo francês que foi uma das maiores figuras intelectuais do século XX morreu no domingo, foi ontem anunciado.

Tristes Trópicos (Edições 70), o seu livro mais lido, ajudou-o a transcender as fronteiras da Antropologia enquanto ciência e deu-lhe créditos como escritor. Escreveu-o em 1955, já distante das expedições à selva amazónica, entre 1935 e 1939, quando entrou em contacto com tribos que a civilização branca europeia começava a conhecer. Falava do que viveu entre Cadiueus, Bororos, Nambiquaras e Tupi-Cavaíbas e dos seus sentimentos.

"Lévi-Strauss teve sobre mim uma influência considerável. Uma das suas lições foi suprimir do nosso vocabulário a palavra "selvagem"", comentou o escritor francês Michel Tournier, citado pela revista Nouvel Observateur no ano passado, quando o antropólogo comemorou 100 anos de vida (nasceu em Bruxelas, mas era francês).

"Ao fazer-nos compreender e partilhar a singularidadde dos primeiros povos, Lévi-Strauss rompeu com uma visão etnocêntrica da história da humanidade", disse ontem Bernard Kouchner, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, e antes disso médico famoso pelo seu trabalho humanitário internacional.

Era conhecido como "o Papa do Estruturalismo", uma corrente de pensamento com raízes na linguística. Usou este método para estudar a mitologia, os sistemas de parentesco nas sociedades primitivas - os "primeiros povos" de que fala Kouchner - ou a preparação da comida.

"O Estruturalismo é um método que vale sempre", frisou o filósofo português José Gil à agência Lusa. Esta corrente de pensamento "continua válida enquanto método".

Judeu da Alsácia, de uma família culta mas com pouco dinheiro, onde a arte e a pintura estavam muito presentes, estudou Direito e Filosofia, apaixonou-se pelo marxismo em adolescente. Mas optou pela Filosofia.

Encontrou a Etnologia num livro de Robert Lowie (especialista no estudo dos índios americanos). Foi essa paixão que lhe valeu um convite para ir ensinar para São Paulo, o que lhe possibilitou as viagens à Amazónia.

Passou a Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos. Lá, teve de mudar de nome: passou a ser o professor Claude L. Strauss. Por causa da marca das calças de ganga, disseram-lhe...

Mas foi a partir de 1955, já em França, que Tristes Trópicos lhe deu fama mundial. Relato de viagem de pendor iniciático, obra filosófica e literária também, tornou-se numa das referências da literatura do século XX, dizia ontem o jornal Libération.

Em dois discursos que foi convidado a fazer na ONU, Raça e História e Raça e Cultura (1952 e 1971), arrasa as pretensões científicas do racismo. Na década de 60, dedicou-se à análise comparativa das mitologias, demonstrando a sua estrutura comum - outra parte da sua obra de influência duradoura. Era um dos últimos grandes intelectuais franceses - "o último dos gigantes", chamou-lhe a Nouvel Observateur.

Notícia: http://www.publico.clix.pt/Mundo/morreu-claude-levistrauss_1408137

domingo, 1 de novembro de 2009

SAD AND BEAUTIFULL WORLD



Mark Linkous dos Sparklehorse era uma das pessoas que António Sérgio convidaria para jantar assim escolhi esta belíssima canção para homenagear o locutor.

O ADEUS A ANTÓNIO SÉRGIO

«Já não é o bichinho da rádio que morde, já sou eu que sou o bicho da rádio!»

Numa altura em que ainda não havia internet para "sacar" músicas ou "MySpace" para conhecer as bandas, era com os amigos, as cassetes emprestadas ou por alguma rádio que se podiam conhecer as tendências musicais mais alternativas.

Por essa altura era sempre um prazer ouvir programas como o Rock em Stock ou o Lança-Chamas, com a voz inconfundível de António Sérgio.


Nesses idos anos 80 a "Rádio Comercial" era a minha grande companhia, e sempre acompanhei o António Sérgio, lembro-me do "Som da Frente" e a Hora do Lobo por exemplo. Foi até a Rádio Comercial começar a fazer jus ao seu nome que deixei de a ouvir. Foi também por esse mesmo motivo que programas de autor, começaram a desaparecer da rádio, substituidos pelas horrendas "playlists" que passam horas sempre a passar as mesmas músicas. Foi essa mesma política que despediu um dos mais carismáticos locutores do meu tempo. Felizmente não lhe faltou emprego pois foi contratado pela "Radar" onde apresentava o programa Viriato 25 e fazia também "voz off" na SIC.
Assim perdemos um dos últimos grandes radialistas portugueses. Já sinto a falta daquela voz inconfundível.