sexta-feira, 30 de novembro de 2007

DESAFIOS


Hoje vou tentar por os meus desafios em dia. Começo pela Wind , que, senão me engano foi a primeira.

O desafio consiste em listar listar 10 factos não anteriormente mencionados neste blog.

Como já falei de tantos assuntos vou correr o risco de me repetir mas aí vai:



1- Embiro com aquele pessoal que está sempre a dizer "tipo".

2- Eu sei que não sou nenhum modelo a falar português, mas arranha-me os ouvidos ouvir alguém dizer: "a gente vamos" ou "a gente somos".

3- Odeio quando um americano, inglês, francês ou alemão vem falar comigo em espanhol. Não tenho nada contra "nuestros hermanos" mas sou português.

4- Por falar em espanhóis; porque será que nós compreendemos tão bem o castelhano e eles não percebem patavina do que a gente diz?

5- Não gosto do natal.

6- Eu sei que até está na moda mas não aprecio cozinha italiana. Venha mas é o bom do cozido à portuguesa, a caldeirada e o bacalhau.

7- Por outro lado começo a apreciar a comida marroquina, desde que não haja caprinos.

8- Gostava de viver até aos 500 anos. Como será o mundo daqui a 500 anos? Será que ainda cá estamos? Esta, se calhar, é repetida mas ninguém se lembra.

9- Todos temos uma nódoa no nosso passado, eu, por exemplo, cheguei a gostar da música da Manuela Moura Guedes. É triste mas é verdade.

10- Tenho um ódio de estimação pela Ministra da Cultura. Esta também já não deve ser novidade para ninguém.

Frases da Treta

Este desafio que o Pinguim me passou consiste em criar 5 afirmações absurdas e gritantemente surreais e escrevê-las.


1- Vamos propor Durão Barroso para candidato a Prémio Nobel da Paz. Já agora aproveita-se a embalagem e mete-se uma cunha no Vaticano para uma futura canonização.

2- Portugal tem a melhor política cultural de toda a Europa.

3- Bento XVI decidiu assumir a sua paixão por black metal.

4- Sócrates garante que até 2010, Portugal vai ser o país mais rico e desenvolvido da Europa.

5- Este ano o meu sporting ainda vai ser campeão nacional.

Finalmente a GI que diz que o Bairro "até nem é um mau blog".
Não sei onde é que ela foi buscar uma idéia destas mas a gerência agradece.

As regras para a atribuição do prémio são as seguintes:

1.º Indicar de onde veio a atribuição.

2.º Atribuir o prémio a 7 blogs que considere que até não são maus blogs. A atribuição é feita a blogs que ainda não foram distinguidos com tal prémio.

3.º Referir a tag do prémio no teu blog, de preferência com o link do blog a que te referes

Peço desculpa a estes três amigos mas não vou dar seguimento a estas correntes. Desafio qualquer um dos visitantes do Bairro a levar um destes desafios para casa.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

OS CARACÓIS E AS CARPAS TÊM CORNOS

os caracóis e as carpas têm cornos
vês, eu não te dizia?
as carpas e os caracóis não têm cornos
vês, eu não te dizia?
as caracoias e os carpos têm cornos
vês, eu não te dizia?
os carapoicos e os parcos não têm cornos
vês, eu não te dizia?
as carapaias e os porcos têm cornos
vês, eu não te dizia?
os caracoicos e as parras não têm cornos
vês, eu não te dizia?
as carassaias e os parcas têm cornos
vês, eu não te dizia?
os caracorpos e as praias não têm cornos
vês, eu não te dizia?
as caracaias e os poicos têm
vês

Ana Hatherly

JOANINHAS

A joaninha é um pequeno insecto da ordem dos coleópteros. Esta ordem, que, também inclui besouros e escaravelhos, é a que possui maior número de espécies entre todosos seres vivos.

Tanto na fase adulta como larvar, a joaninha, é um voraz predador de pequenos insectos. Os afídeos(pulgões), são um dos petiscos preferidos da nossa joaninha, tornando-a num animal de grande utilidade no controlo de pragas nos jardins e nas hortas.











Joaninha voa voa
Joaninha voa voa
Que o teu pai está em Lisboa
A tua mãe no Moinho
A comer pão com toucinho

Joaninha voa voa
Que o teu pai está em Lisboa
Com um rabinho de sardinha
Para comer, que mais não tinha

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

THE PIANO



Meus senhores, a grande, a incrível P.J.Harvey!

MÁRIO CESARINY


Visto a esta luz és um porto de mar
como reverberos de ondas onde havia mãos
rebocadores na brancura dos braços

Constroem-te um ponte
que deverá cingir-te os rins para sempre

O que há horrível no teu corpo diurno
é a sua avareza de palavras
és tu inutilmente iluminado e quente
como um resto saído de outras eras
que te fizeram carne e se foram embora
porque verdade sem erro certo verdadeiro
nada era noite bastante para tocarmos melhor
as nossas mãos de nautas navegando o espaço
os corpos um e dois do navio de espelhos
filhos e filhas do imponderável
de cabeça para baixo a ver a terra girar

Quero-te sempre como nã querer-te?
mas esta luz de sinopla nas calças!
este interposto objecto
e o seu leve peso de eternidade


Outra coisa

Apresentar-te aos deuses e deixar-te
entre sombra de pedra e golpe de asa
exaltar-te perder-te desconfiar-te
seguir-te de helicóptero até casa

dizer-te que te amo amo amo
que por ti passo raias e fronteiras
que não me chamo mário que me chamo
uma coisa que tens nas algibeiras

lançar a bomba onde vens no retrato
de dez anos de anjinho nacional
e nove de colégio terceiro acto

pôr-te na posição sexual
tirar-te todo o bem e todo o mal
esquecer-me de ti como do gato

A vida
às portas da vida

e o azul masculino de um rio

Amor Ardente
de forma distinta

Faz hoje um ano que Cesariny nos deixou. Como homenagear um poeta que está sempre presente aqui no Bairro?
O Adeus a Cesariny
Prémio Vida Literária atribuido a Mário Cesariny
Cesariny no Bairro2

Poemas: Mário Cesariny, "Pena Capital"
Quadros: Mário Cesariny

domingo, 25 de novembro de 2007

AINDA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA


Um vídeo da campanha fancesa com a voz inesquecível de Jacques Brel.

Visto na GI

O CRIME DO PADRE AMARO



«Amélia quis logo saber a história; e sentando-se no mocho do piano, embrulhando-se no seu xale:

- Diga, Tio Cegonha, diga!

Era um homem que tivera em novo uma grande paixão por uma freira; ela morrera no convento daquele amor infeliz; e ele, de dor e de saudade, fizera-se frade franciscano...

- Parece que o estou a ver...

- Era bonito?

- Se era! Um rapaz na flor da vida, rico... Um dia veio ter comigo ao órgão: "Olha o que eu fiz", disse-me ele. Era um papel de música. Abria em ré menor. Pôs-se a tocar, a tocar... Ai, minha rica menina, que música! Mas não me lembra o resto!

E o velho, comovido, repetiu no piano as notas plangentes da Meditação em ré menor.

Amélia todo o dia pensou naquela história. De noite veio-lhe uma grande febre, com sonhos espessos, em que dominava a figura do frade franciscano, na sombra do órgão da Sé de Évora. Via os seus olhos profundos reluzirem numa face encovada: e, longe, a freira pálida, nos seus hábitos brancos, encostada ás grades negras do mosteiro, sacudida pelos prantos do amor! Depois, no longo claustro, a ala dos frades franciscanos caminhava para o coro: ele ia no fim de todos, curvado, com o capuz sobre o rosto, arrastando as sandálias, enquanto um grande sino, no ar nublado, tocava o dobre dos finados. Então o sonho mudava: era um vasto céu negro, onde duas almas enlaçadas e amantes, com hábitos de convento e um ruído inefável de beijos insaciáveis, giravam, levadas por um vento místico; mas desvaneciam-se como névoas, e na vasta escuridão ela via aparecer um grande coração em carne viva, todo traspassado de espadas, e as gotas de sangue que caíam dele enchiam o céu duma chuva escarlate19.

Ao outro dia a febre acalmou. O doutor Gouveia tranqüilizou a S. Joaneira com uma simples palavra:

- Nada de sustos, minha rica senhora, são os quinze anos da rapariga. Hão-de-lhe vir amanhã as vertigens e os enjôos... Depois acabou-se. Temo-la mulher. »



Na igreja, ao lado, bateram devagar dez horas.

Que faria ela àquela hora? pensava. Costurava decerto, na sala de jantar: estava o escrevente: jogavam a bisca, riam - ela roçava-lhe talvez com o pé, no escuro, debaixo da mesa. Recordou o seu pé, o bocadinho da meia que vira quando ela saltava as lamas na quinta, e essa curiosidade inflamada subia pela curva da perna até ao seio, percorrendo belezas que suspeitava... O que ele gostava daquela maldita! E era impossível obtê-la! E todo o homem feio e estúpido podia ir à Rua da Misericórdia, pedi-la à mãe, vir à Sé dizer-lhe: "Senhor pároco, case-me com esta mulher", e beijar, sob a proteção da Igreja e do Estado, aqueles braços e aquele peito! Ele não. Era padre! Fora aquela infernal pega da marquesa de Alegros!...

Abominava então todo o mundo secular - por lhe ter perdido para sempre os privilégios: e como o sacerdócio o excluía da participação nos prazeres humanos e sociais, refugiava-se, em compensação, na idéia da superioridade espiritual que lhe dava sobre os homens. Aquele miserável escrevente podia casar e possuir a rapariga - mas que era ele em comparação dum pároco a quem Deus conferia o poder supremo de distribuir o Céu e o Inferno?... - E repastava-se deste sentimento, enchendo o espírito de orgulhos sacerdotais. Mas vinha-lhe bem depressa a desconsoladora idéia que esse domínio só era válido na região abstrata das almas; nunca o poderia manifestar, por atos triunfantes, em plena sociedade. Era um Deus dentro da Sé - mas apenas saia para o largo, era apenas um plebeu obscuro. Um mundo irreligioso reduzira toda a ação sacerdotal a uma mesquinha influência sobre almas de beatas... E era isto que lamentava, esta diminuição social da Igreja, esta mutilação do poder eclesiástico, limitado ao espiritual, sem direito sobre o corpo, a vida e a riqueza dos homens...

Eça de Queiroz
"O Crime do padre Amaro"



Eça de Queiroz (25.11.1845 - 16.08.1900)



"O Crime do padre Amaro" foi o primeiro livro do Eça que eu li. Era adolescente e empolguei-me de tal maneira que o li numa assentada.

Entusiamado com o Eça não descansei enquanto não li quase toda a obra.

No liceu toda a gente odiava o Eça, eu só lhes dizia: "Vocês não gostam porque lêem por obrigação, eu li por prazer".
"Os Maias podem ser a grande obra do Eça mas a minha preferida será sempre "O Crime do Padre Amaro".

Por isso escolhi estes textos para celebrar os 162 anos do escritor.

Imagens: William Bouguereau

DIA MUNDIAL CONTRA A VIOLÊNCIA DE GÉNERO

ABAIXO A VIOLÊNCIA DE GÉNERO: HUMANIDADE NÃO TEM SEXO!!

sábado, 24 de novembro de 2007

SONHEI COMIGO


Sonhei comigo
esta noite
Vi-me ao comprido
Deitada
Tinha estrelas
nos cabelos
em meus olhos
madrugadas
Sonhei comigo
esta noite
como queria
ser sonhada
Senti o calor da mão
percorrendo uma guitarra
De longe vinha um gemido
uma voz desabalada
Havia um campo
de trigo
um sol forte
me abrasava.
E acordei
meio sonhando
procurando
me encontrar
Quando me vi
ao espelho
era teu
o meu olhar.

Eugénia Tabosa
Imagem: John Jude Palencar

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

ADEUS A BEJART

Hoje deixo aqui a minha homenagem a dois grandes senhores que marcaram a cultura do século XX : O coreógrafo e bailarino Maurice Bejart falecido ontem e Freddie mercury cujos 16 anos da sua morte se assinalam amanhã.
Mais do que nunca THE SHOW MUST GO ON

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

NARCISO

Narciso
Caravaggio (1571-1610)

Dentro de mim me quis eu ver. Tremia,
Dobrado em dois sobre o meu próprio poço...
Ah, que terrível face e que arcabouço
Este meu corpo lânguido escondia!

Ó boca tumular, cerrada e fria,
Cujo silêncio esfíngico eu bem ouço!...
Ó lindos olhos sôfregos, de moço,
Numa fronte a suar melancolia!...

Assim me desejei nestas imagens.
Meus poemas requintados e selvagens,
O meu Desejo os sulca de vermelho:

Que eu vivo à espera dessa noite estranha,
Noite de amor em que me goze e tenha,
... Lá no fundo do poço em que me espelho!

José Régio

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

ARACNÍDEOS

ARANHAS
Os aracnídeos são uma classe que se insere no filo dos artrópodes. Aranhas, escorpiões, ácaros, carrapatos e opilões são alguns dos animais incluídos nesta classe.
Vulgarmente incluídos entre os insectos, na verdade, os aracnídeos constituem uma classe à parte: Os aracnídeos têm o corpo dividido em duas partes e possuem 4 pares de patas. Os insectos têm 3 pares de patas e o corpo é dividido em 3 partes; cabeça, tórax e abdómen.









ESCORPIÕES
AMBLIPIGÍDEOS

A beleza destas criaturas pode ser discutível. Para muita gente a imagem destes animais está ligada a medos primitivos que os tornam nojentos e repulsivos aos olhos da maior parte das pessoas.

É certos que muitos deles são animais perigosos mas fazem parte da biodiversidade do nosso planeta. Não esquecer que os aracnídeos são hábeis predadores tornando-se assim numa eficaz forma de controlar certas espécies de insectos nocivos.

Fotos: Igor Siwanowicz

terça-feira, 20 de novembro de 2007

VOO NOCTURNO NO COLISEU

Logo à noite o Bairro do Amor vai estar no Coliseu. Ou acham que eu ia faltar?

O COZINHEIRO SEROPOSITIVO

Segundo um acórdão do tribunal, nos restaurantes dos Hóteis Sana parece que a comida se mistura com o sangue, o suor e as lágrimas dos cozinheiros. O melhor será evitar.



Notícia: Público



Esta decisão deitou abaixo anos e anos de luta contra a discriminação de pessoas infectadas.

Popdem assinar aqui a petição:



http://www.petitiononline.com/INSANE/petition.html

domingo, 18 de novembro de 2007

OUTONO


Faz frio. Outono. Chuvisca.

Nos Jardins cai agora o desconforto
Do adeus do fim do dia.
Passo o vento arrefecendo
As flores nos seus canteiros
E um sopro de claridade
Beija uns lírios e umas rosas
Numa curva fugidia...

Estremecem os meus nervos
Como se alguém lhes tocasse...

Engrossou a ventania.

As árvores vão ficando
Como coisas que perderam
A consistência da vida.

Tombam as folhas. E a noite
Agita uns lenços de sombra
E fica mais negra e funda
Nesta simples despedida.

António Botto
Imagem: Sofia Rodrigues, Olhares.com

sábado, 17 de novembro de 2007

DESAFIO LITERÁRIO



Fui mais uma vez apanhado pelo desafio literário. Desta vez é o Zé Povinho que vem cuscar os meus gostos literários. Como eu gosto deste tipo de desafios aí vai:

1) Pegar num livro que tenham à mão ... não vale procurar

2) Abri-lo na página 161,

3) Procurar a 5ª frase completa.

4) Postá-la no vosso blog.

5) Passar o desafio a 5 bloggers.

6) É proibido ir buscar o melhor livro, nem postar a frase que acharem mais interessante.

7) Divulgar o nome e o autor do Livro.


Este é daqueles que eu gosto e fui logo à prateleira tirei um à sorte e calhou-me este:




"Um único carrasco podia substituir toda a justiça."


O livro é daqueles que quase toda a gente conhece ou ouviu falar e chama-se "O Processo" e foi escrito por Franz Kafka.




O livro conta a história do Sr. K, um pacato cidadão que se vê de súbito acusado de um crime. K nunca é informado da natureza do seu crime e vê-se confrontado com um sistema de justiça completamente surrealista.


Um caso que seria impossível de suceder na vida real.


Deveria passar este desafio a 5 pessoas mas vou deixá-lo por aqui para quem quiser pegar nele.


DEBAIXO DE ÁGUA






O teu corpo O meu corpo E em vez dos corpos
que somados seriam nossos corpos
implantam-se no espaço novos corpos
ora mais ora menos que dois corpos

Que escorpião de súbito estes corpos
quando um espelho reflecte os nossos corpos
e num só corpo feitos os dois corpos
ao mesmo tempo somos quatro corpos

Não indagues agora se o meu corpo
se contenta só corpo no teu corpo
ou se busca atingir todos os corpos

que no fundo residem num só corpo
Mas indaga sem pausa além do corpo
o finito infinito destes corpos

David Mourão-Ferreira (1927-1996)
Fotos: Zena Holloway

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

TRÊS ANOS

Em dia de aniversário a minha prenda é esta maravilhosa fotografia de Zena Holloway. De manhã se tiver tempo voltarei a esta fotógrafa.


Foi no dia 17 de Novembro de 2004 que me estreei no mundo da blogosfera. Criei um bloguezito, que nem devia ter grande futuro, a idéia era só fazer uns testes. No dia seguinte criei a Flauta Mágica blogue que já abandonei há muito. O certo é que o bloguezito sobreviveu até aos dias de hoje.
Neste percurso meu maior desgosto foi ter que abandonar o Blog-city , mas pronto, já faz parte do passado e no fim do ano será apagado. Foi só este ano que transferi o Bairro para o Blogspot mas o aniversário será sempre comemorado a 17 de Novembro.

Obrigado a todos os que já me aturam há 3 anos, e obrigado a todos os outros amigos que fui fazendo pelo caminho.
Um grande abraço a todos e espero que me continuem a aturar por mais algum tempo.

ANTÓNIO ALEIXO

Les_Demoiselles_d'Avignon, Picasso

A arte em nós se revela
Sempre de forma diferente:
Cai no papel ou na tela
Conforme o artista sente

Embora os meus olhos sejam
Os mais pequenos do mundo,
O que importa é que eles sejam
O que os Homens são no fundo.

Julgando um dever cumprir,
Sem descer no meu critério,
- Digo verdades a rir
Aos que me mentem a sério!

António Aleixo nos 58 anos da sua morte

DIA INTERNACIONAL DA TOLERÂNCIA


"São parvos, não rias deles,
deixa-os ser, que não são sós;
às vezes rimos daqueles
que valem mais do que nós"

António Aleixo

No Dia Internacional da Tolerância e aproveitando os 58 anos da morte de António Aleixo, é esta a mensagem que vos deixo:

Estrangeiros, brancos, pretos, amarelos, homossexuais, transexuais, deficientes, pessoas tímidas fracas ou apenas loucos, não gozem pois, tal como diz o Aleixo, muitas vezes valem mais do que nós.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

MAR


Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.

E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

Sophia de Mello Breyner Andresen

AO MAR



Toma-me pouco a pouco o delírio das cousas marítimas,
Penetram-me fisicamente o cais e a sua atmosfera,
O marulho do Tejo galga-me por cima dos sentidos,
E começo a sonhar, começo a envolver-me do sonho das ágoas,
Começam a pegar bem as correias-de-transmissão na minh'alma
E a aceleração do volante sacode-me nítidamente.

Chamam por mim as ágoas,
Chamam por mim os mares.
Chamam por mim, levantando uma voz corpórea, os longes,
As épocas marítimas todas sentidas no passado, a chamar.

Alberto Caeiro, excerto da "Ode Marítima"

HOMEM LIVRE, TU SEMPRE GOSTARÁS DO MAR

Charles Baudelaire